,
Loading...

Notícias

Varejo pede prorrogação de IPI reduzido

Depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter criticado os empresários por não repassarem aos preços a redução de impostos, representantes do setor varejista se reuniram ontem com ele para mostrar que a desoneração da linha branca chegou à ponta e pedir a prorrogação da medida.

Segundo a presidente do Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV), Luiza Trajano, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de geladeiras, fogões e máquinas de lavar foi repassada aos preços, aquecendo as vendas desses eletrodomésticos, criando empregos na indústria e aumentando a arrecadação.
 
— A gente veio mostrar que a redução não atrapalhou a arrecadação. Aumentou a venda e nós repassamos o preço para a ponta. Agora cabe ao presidente decidir (sobre a prorrogação) — disse a empresária.
 
Segundo os empresários, entre novembro de 2008 e abril de 2009 foram demitidos 2.500 funcionários das indústrias de eletrodomésticos da linha branca. Em maio, foram recuperados 387 postos. O ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, disse que a prorrogação da medida está sendo analisada “com carinho” no governo, e a decisão será anunciada na próxima semana: — Só na próxima semana sairá uma decisão sobre a prorrogação do IPI dos automóveis e eventualmente de outras reduções de IPI.
 
Lula confirmou que, na próxima segundafeira, terá uma reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para discutir novas medidas de incentivo à economia brasileira: — Eu não sei o que tem no pacote que ele vai conversar comigo. Espero que seja o melhor possível para o Brasil.
 
O foco das medidas, agora, é a indústria de máquinas e equipamentos. Serão reduzidos os juros das linhas do BNDES voltadas à compra e ao leasing de equipamentos industriais, máquinas agrícolas, caminhões, ônibus, entre outros.
Prazos de pagamento, hoje de três a cinco anos, devem ser ampliados. Setor de máquinas diz que incentivos podem reduzir em até 20% custo dos investimentos
 
A redução do prazo de aproveitamento dos créditos de PIS/Cofins nas exportações de 12 para seis meses é outra medida praticamente acertada. A redução de impostos, como o IOF, nas operações de crédito, e a exclusão dos juros pagos da base de cálculo do Imposto de Renda também estão na mesa.
 
No caso do IPI, é praticamente certa a prorrogação, por mais três meses, do benefício que reduziu as alíquotas para materiais de construção e para produtos da linha branca, como geladeiras e máquinas de lavar.
 
No caso de automóveis, a contragosto da equipe econômica, a desoneração ainda levará seis meses para ser suspensa integralmente: o aumento da alíquota será gradual.
 
Proposta apresentada pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) pede ao governo incentivos que durem entre seis meses e um ano. Neste período, segundo a entidade, medidas como a redução da TJLP (a taxa atual é de 6,25% ao ano, e o setor pediu corte de até dois pontos), devolução de PIS/Cofins na compra de equipamentos e depreciação acelerada poderiam resultar em economia de até 20% nos custos de novos investimentos.
 
Ainda assim, a estimativa é que as indústrias de máquinas e equipamentos devem fechar 2009 com queda de 20% no faturamento.
 
— Em média, você leva até seis meses para entregar uma máquina. Este ano já está perdido. Queremos é uma ponte para 2010 — disse ontem o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto.
 
No acumulado de janeiro a maio, a receita do setor somou R$ 23,7 bilhões, com queda real de 24,2% na comparação com 2008. Segundo Aubert Neto, as negociações já duram quase dois meses. Não houve da parte do governo qualquer iniciativa para vincular o anúncio do pacote de benefícios à manutenção do nível de emprego no setor.
 
— Quem garante emprego é o mercado. E, sem o anúncio de medidas de ajuda, a previsão é de demissão de até 50 mil empregados nos próximos meses — disse o presidente da Abimaq.
 
Pelos números da entidade, desde outubro de 2008 as demissões já somam quase 17 mil. Em fevereiro passado, a Abimaq chegou a firmar com o sindicato de trabalhadores um acordo de manutenção do nível de emprego, medida condicionada à recuperação de vendas. Mas essa recuperação não aconteceu e o acordo não saiu do papel.
 

Veículo: O Globo