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Vice-presidente-executivo de TI do Bradesco há mais de uma década, Laércio Albino Cezar não assume sozinho o bom desempenho da área de tecnologia da informação da instituição financeira. Segundo ele, tudo funciona como em uma orquestra, em que cada um tem o seu papel, mas que isoladamente não ganharia tanto poder e importância.
Em seu modelo de gestão, compartilhar o conhecimento é prioridade. Para ele, ninguém pode guardá-lo para si. “Todos devem estar preparados para responder a qualquer questão da área. Quando se divide o que se sabe, o time fica forte. É assim no Bradesco”, diz. Ser líder, prossegue, é dar bons exemplos e ser responsável. “É também conseguir enxergar além e antever a batalha antes que ela aconteça.”
Com essa visão, Cezar, que conquistou o IT Leaders 2011 na categoria Finanças, orgulha-se do envolvimento comprometido e constante do banco com a inovação, que já o colocou diversas vezes à frente no mercado. Tudo isso, segundo ele, é fruto de uma equipe que está sempre atenta ao inusitado e a projetos que realmente fazem a diferença e agregam valor ao negócio. “Em nosso Departamento de Pesquisa, Inovação e Tecnologia trabalham ‘pardais’, profissionais que estão sempre alertas, buscando novidades e oportunidades. E trazem.”
A inovação também imperou em um dos mais abrangentes projetos de TI do Bradesco, a Gestão Corporativa de Conteúdo, que objetiva digitalizar todos os documentos do banco, além dos cheques. O diferencial dele está no pioneirismo e nas etapas de desenvolvimento. O seu desenho começou em 1997, com a ideia de captura de imagens dos cheques do Bradesco para disponibilizá-los aos clientes do Rio de Janeiro, pela web. Isso mesmo, dois anos depois do surgimento da internet.
“Dessa forma, imaginamos, os clientes poderiam consultar os cheques com possíveis problemas, checar informações, entre outros procedimentos”, explica. Mas a iniciativa ficou estacionada, em razão dos limitados recursos tecnológicos da época e do seu alto custo. Até que em 2008, com a evolução da infraestrutura de telecom do País, o Bradesco estendeu a facilidade aos clientes de todo o Brasil.
No ano seguinte, a ideia ganhou novo aditivo com a implementação da Compensação Digital por Imagem, desenvolvido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e bancos associados, que aposentou a partir de junho deste ano a compensação física de cheques no País. Eram os bancos entrando na era digital, já testada pelo Bradesco [com os seus cheques] 14 anos antes.
“Com esse gancho, aproveitamos para evoluir o embrião da Gestão Corporativa de Conteúdo, concebido em 1997. Ou seja, digitalizar os cheques, e também todos os documentos do banco como contratos, comprovantes etc”, diz.
Foi assim que o Bradesco, que tinha de comprar scanners para atender às novas exigências da iniciativa Febraban, investiu em modelos multifuncionais. Foram alocados 72 milhões de reais para aquisição de 5.891 scanners para a rede de agências e nos próximos anos, segundo Cezar, o banco pretende destinar aproximadamente mesmo montante para a evolução do projeto, totalizando cerca de 150 milhões de reais.
Cezar estima que no primeiro ano o retorno totalizará 70 milhões de reais. Isso porque somente com a eliminação do transporte de cheques [por diferentes meios como avião, carros-fortes, barcos etc.], serão economizados 40 milhões de reais ao ano. Desse montante, o Bradesco já contabilizou 60% de ganho real. Os outros 40% acontecerão quando o banco finalizar o processo de captura local de imagens nas agências, previsto para este mês. “O próximo passo será estender a digitalização aos postos de serviços do Bradesco, alocados em empresas. Vamos expandir até zerar”, afirma.
Além do retorno financeiro, o Bradesco ganhará, e muito, em agilidade e produtividade em diversos departamentos como Leasing, Crédito Imobiliário, Abertura de Contas, que demandam muitos documentos com gestão complexa.
“Para ter uma ideia, tínhamos mais de 1 milhão de caixas apropriadas para o armazenamento legal desses materiais. Sem contar com mais de 6 milhões de microfichas [muito caras]. Tudo isso será eliminado com a digitalização”, afirma.
Banco no sofá de casa
Outro projeto que também reafirma a posição da instituição financeira voltada à inovação, segundo Cezar, é o Bradesco Internet TV, lançado em maio deste ano. A Samsung bateu à porta do banco com a oportunidade de estabelecer uma parceria, motivada pela sua nova linha de televisores com recursos para acesso à internet. Dessa forma, a instituição financeira poderia colocar ali seu logo com um link para permitir aos clientes consultas como saldo, e outras movimentações [por enquanto sem realização de transações].
Como a infraestrutura de armazenamento de dados e tecnologia para acesso (consultas) já existia do lado do Bradesco e na outra ponta a tecnologia é Samsung, o investimento foi bastante atraente, segundo Cezar: 1 milhão de reais. “Em menos de quatro meses, contabilizamos mais de 8 mil downloads. Sucesso.”
Cezar afirma ser bastante interessante oferecer cada vez mais a opção de um canal diferenciado aos clientes, que o faz ir menos às agências, reduzindo custos. “Sem contar que esse tipo de serviço encanta e fideliza clientes”, afirma Cezar. “Somos o primeiro banco a oferecer esse serviço por meio da TV conectada. O banco chega ao sofá da sala do correntista”, diz.
O vice-presidente-executivo de TI do Bradesco afirma que projetos como esses só contribuem para fortalecer a imagem de que a TI é útil para os negócios do banco. “E tudo isso só é possível porque trabalhamos em sintonia na TI, e TI com áreas de negócios.
Veículo: Computer World – 23/09/2011