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Taxas do crédito caem com nova metodologia, mas ainda são altas

O Banco Central refez os seus cálculos sobre os juros e o spread bancário e descobriu que a sua metodologia anterior superdimensionava os custos do crédito. Ainda assim, as taxas cobradas pelas instituições financeiras são, na avaliação da autoridade monetária, muito altas, especialmente nos empréstimos para pessoas físicas.

Em estudo divulgado no relatório de inflação, divulgado ontem, o BC usa uma metodologia alternativa para recalcular os juros dos empréstimos bancários vigentes em dezembro de 2008. A conclusão é que o custo do crédito, antes estimado em 43,2% nas operações com empresas e pessoas físicas, é na verdade de 30,9%. O spread, que é a diferença entre o que os bancos pagam nos depósitos e o quanto cobram no crédito, cai de 30,6 para 20,2 pontos percentuais (pp.).
 
Na metodologia anterior, não eram incluídos o crédito direcionado (financiamentos habitacionais, empréstimos rurais e linhas do BNDES), as operações de “leasing” e os financiamentos por meio de cartões de crédito.
 
Nessa nova metodologia ampliada, a queda na taxa de juros é particularmente pronunciada no crédito a empresas. Os juros dessas operações recuam de 30,7% para 19,6% ao ano, e o spread, de 18,3 para 8,5 pp. Essa queda se deve, em grande medida, à inclusão dos financiamentos concedidos pelo BNDES.
 
O efeito nas operações com pessoas físicas, porém, é menor. A taxa média de juros cai de 58% para 52,6% ao ano, e o spread, de 45,1 para 39,8 pp. De um lado, as taxas dos financiamentos habitacionais, com juros mais reduzidos, têm um efeito positivo para reduzir os juros. Mas, de outro, as operações de cartões de crédito, que tradicionalmente cobram altas taxas, têm efeito negativo para aumentar os juros médios.
 
Com a revisão da sua metodologia, o BC atende, em parte, às reclamações da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que divulgou recentemente estudo que mostra que as taxas são superdimensionadas nas estatísticas oficiais justamente porque os empréstimos direcionados são excluídos da base de cálculo.
 
O diretor de política econômica do BC, Mario Mesquita, disse que as estatísticas oficiais devem ser aprimoradas para incluir o crédito direcionado, “leasing” e cartões de crédito. Mas ele lembrou que o BC não coleta diretamente dados sobre essas operações, por isso a qualidade das estatísticas deverá ser um pouco inferior. A tendência, disse, é que a serie atual continue a ser divulgada mesmo com a adoção da nova metodologia.
 
Mesquita deixou claro que a simples revisão da metodologia estatística não resolve a questão dos altos spreads vigentes no país. “Mesmo com a queda, os spreads de pessoas físicas são de 40 pp.”, afirmou Mesquita.
 
Além de diminuir o nível dos juros e dos spreads, a nova metodologia também suaviza os movimentos de baixa e de alta do custo de crédito. Por exemplo: nos 12 meses encerrados em dezembro, a taxa média subiu 9,4 pp. na metodologia antiga e 5,3 pp. no conceito novo.
 
Os movimentos são mais suaves porque os juros do crédito direcionados, que são fixados pelo governo, não flutuam com a mesma intensidade que o crédito livre quando o BC sobe ou baixa a taxa básica de juros.
 

Veículo: Valor Econômico