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Taxas do CDB apontam para cima

Os bancos voltaram a elevar as emissões de Certificado de Depósitos Bancários (CDB), em agosto, com captação líquida de R$ 31,3 bilhões, somente inferior ao mês de abril (R$ 32,6 bilhões). A oferta trouxe novamente para cima as taxas, que em agosto chegaram a apresentar picos de 107% do CDI, invertendo movimento de leve recuo em julho, quando a média ficou próxima a 103,5% do CDI.

As taxas vêm subindo desde o início do ano, por conta do agravamento da crise americana das hipotecas, que restringiu o acesso a recursos externos e também pela criação do compulsório dos depósitos interfinanceiros das empresas de leasing, obrigando os bancos a reforçar o caixa com CDB. “O patamar está mais alto por conta da concorrência mais acirrada”, conta Eduardo Jurcevic, diretor do Banco Real.

Em abril, foi registrado o maior volume de captação de certificados, R$ 32,6 bilhões, com o custo para os grandes bancos tendo atingido 105% do CDI, para prazos acima de um ano. Este foi justamente o mês anterior à entrada em vigor da alíquota do compulsório das leasings (que aumenta 5 pontos a cada dois meses, até atingir 25%). Nos meses seguintes houve uma redução do ritmo, e o preço apresentou leve recuo, mas não retornou aos patamar pré-crise.

O excesso de oferta e uma certa restrição de recursos por conta de uma menor participação de estrangeiros puxaram para cima as taxas. Grandes bancos, que pagavam entre 100% e 102% do CDI, passaram a emitir papéis com até 105% do CDI. “As taxas vêm crescendo. Até o BNDES captou a 103% do CDI. Ano passado havia uma liquidez muito grande, mas o mercado mudou”, afirma Antonio Teixeira, diretor-geral da Cetip.

Flávio Stanger, diretor do Banco Modal, avalia que este passou a ser o novo piso do mercado. “O BNDES tem as melhores categorias de rating e entrou no mercado balizando uma taxa relativamente alta. Ninguém vai captar abaixo disso, para determinados prazos.”

Essa tendência, pelo menos no curto prazo, não deve mudar, segundo Eduardo Athayde, diretor-executivo de captação do Banco Prosper. “Até os bancos grandes estão captando a taxas inimagináveis, na casa dos 107% a 108% do DI por papéis de dois anos, com reflexo em toda curva. Não consigo vislumbrar alteração enquanto não houver melhora no cenário externo.”

Athayde ressalta, no entanto, que hoje os bancos têm conseguido repassar as altas para os empréstimos. “No ano passado, houve um boom de liquidez. Muitos bancos estavam capitalizados e mais preocupados em aumentar a carteira do que a rentabilidade. Hoje, com o enxugamento da liquidez, existe a tentativa de melhorar a rentabilidade.”

Arthur Hime de Araújo, executivo de relacionamento com investidores institucionais do Banco Schahin avalia que os custos ainda podem subir. “Hoje, como estratégia, não deixaria de tomar recursos pelo maior prazo possível. Baixa não vem. Se fosse apostar, apostaria em alta das taxas.” Ele ressalta que os bancos de médio porte são mais sensíveis a prazo do que a volume. Isso porque precisam casar o balanço de captação com o crédito ao consumo. “Os empréstimos do varejo giram entre 18 e 36 meses, portanto preciso de uma captação de prazo longo.”

Laércio Schulze, superintendente de tesouraria do Banco Daycoval, ressalta que, apesar do custo, há recursos disponíveis. “?? importante dizer que a liquidez está bem grande. Tanto os bancos grandes quanto os médios estão captando via CDB.” Com relação às captações externas, essencial para alongar a carteira, Schulze avalia que o mercado está momentaneamente fechado, mas que novas oportunidades devem aparecer. “Deve abrir uma janela na segunda quinzena de setembro, ou em outubro”.

Luis Octavio Índio da Costa, presidente do Banco Cruzeiro do Sul, acredita que a janela será mais cara, mas que será uma oportunidade de captação mais longa. “Há liquidez, mas ela está mais restrita.”

Veículo: Valor Econômico Finanças 2/9/08 Estado: SP