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A parceria no setor de petróleo entre o empresário Eike Batista e a China vai envolver a construção de uma refinaria no Porto do Açu, no Estado do Rio de Janeiro, informou o empresário à Reuters nesta segunda-feira durante o Reuters Latin American Investment Summit.
Segundo Batista, as conversas estão sendo realizadas com todas as empresas do setor de petróleo da China e a refinaria será condição para que o gigante asiático receba o petróleo bruto da OGX.
“Você quer meu petróleo? Refine um xis aqui”, disse Eike sobre como estão sendo as negociações com os chineses.
“Ele vai levar um xis em (óleo) bruto para a refinaria dele, e vai refinar um xis aqui”, explicou.
O tamanho da unidade vai depender do volume de produção do braço de petróleo do grupo EBX. No mesmo local, a chinesa Wuhan Iron & Steel (Wisco) já fechou a construção de uma siderúrgica de 5 milhões de toneladas de placas de aço por ano e a LLX, braço de logística do grupo, já negocia uma segunda planta, cujo sócio será anunciado até o final do ano.
A MPX, braço de energia do grupo, vai construir também uma termelétrica a carvão na área, um investimento de 4,1 bilhões de dólares, que terá capacidade de 2.100 megawatts.
“No Açu você vai levar a indústria para a melhor área logística que a indústria pode ter, que é o mar”, disse Batista sobre o Complexo do Porto do Açu, cujo porto pretende ser o maior do país e entra em operação em 2012.
O oitavo homem mais rico do mundo, segundo a Forbes, está otimista com o crescimento da OGX e com a venda de participações em blocos da empresa no momento certo. Com essa venda, os acionistas da empresa receberão o seu primeiro dividendo, antecipou o empresário, que ainda não tem data para a oferta.
Segundo ele, nos últimos anos, excluindo o segmento de varejo, os grupos industriais que cresceram têm em comum a prática de fazer sua própria infra-estrutura.
“O sucesso dos grupos brasileiros é ter o sistema próprio dele, meio independente”, afirmou citando CSN e Votorantim como exemplos. “O Votorantim foi para a energia para garantir a produção de alumínio”, lembrou.
A mesma filosofia norteou a criação da OSX, construtora de estaleiros, para garantir a entrega das plataformas da OGX.
“Temos a demanda dentro de casa, só a encomenda de 30 bilhões de dólares da OGX já faz o estaleiro viável”, explicou o empresário que contabiliza três anos para a OSX “atingir a eficiência coreana”.
“Só consegue fazer estaleiro eficiente com o modelo coreano, que é tamanho, é linha de produção…você precisa de área gigante e encomenda grande para isso acontecer, temos os dois”, afirmou, referindo-se ao estaleiro em Biguaçu, Santa Catarina, que começa a operar em fevereiro de 2012.
Segundo Batista, BP e outras empresas estrangeiras que atuam no país já bateram na porta do grupo para possíveis futuras encomendas à OSX.
“A Pride já falou com a gente para ter um slot de produção (no estaleiro da OSX) para fazer umleasing com a Petrobras”, informou.
COLÔMBIA
Além dos planos para o Brasil, onde a OGX começa a produzir no primeiro trimestre de 2011, a companhia reservou 200 milhões de dólares para o início de sua atuação na Colômbia, já que prepara participação em rodada de licitações em junho no país.
“Lá é apenas onshore (blocos em terra), vamos gastar 200 milhões (de dólares) no bid (oferta) e na exploração”, informou o empresário.
No Chile, onde possui uma área no litoral norte do país, de 240.000 hectares, os planos de construção de porto e termelétrica estão ainda mais relevantes, na avaliação do empresário.
“Depois do terremoto a importância da Hacienda Castilla voltou com força …a termelétrica vai gerar energia e produzir água para as mineradoras dos Andes”, disse o empresário sobre o projeto no Chile.
De maneira geral, o empresário vê com otimismo o cenário para o Brasil nos próximos anos.
“Tem uma demanda reprimida no país extraordinária, com crédito, endividamento baixo… em 2020 o Brasil vai ter a melhor curva demográfica do mundo, então, puxa, não dá para você não enxergar 10 anos de crescimento contínuo”.
Veículo: O Estado de S. Paulo 04/05/2010