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O grupo financeiro francês Société Générale injetou R$ 268 milhões na subsidiária brasileira. O objetivo do aporte foi adequar a alavancagem do banco no Brasil aos patamares exigidos pelo Banco Central, mas a instituição já negocia novos aportes com a matriz.
O conglomerado no Brasil – que inclui os bancos Cacique e Pecúnia, uma leasing e um banco de investimentos – estava com o índice de Basileia em 11,12%, bastante próximo do mínimo de 11% exigido pelo regulador. Esse indicador mede a capacidade de alavancagem das instituições financeiras.
Segundo Sergio Leifert, vice-presidente do grupo Société Générale no Brasil, com o novo aporte vindo da França, o índice subiu para 14%. A folga na Basileia, porém, não quer dizer que o banco vai aumentar sua carteira de crédito no Brasil. “O objetivo é manter o patamar atual”, diz o executivo.
O capital, explica Leifert, servirá para adequar os bancos Cacique e Pecúnia – que trabalham com as modalidades de crédito consignado e de veículos – às novas exigências do Banco Central.
Desde julho, operações de empréstimo com desconto em folha por mais de 36 meses ou de financiamento a veículos com prazo superior a 24 meses passaram a exigir mais capital das instituições financeiras. A medida fez parte de um pacote lançado pelo governo no fim do ano passado para conter a expansão do consumo.
Mas, além das novas exigências do Banco Central, o Société precisou chamar mais capital porque decidiu baixar alguns créditos tributários que estavam no balanço do Cacique, contribuindo para aumentar a Basileia.
O motivo, explica Leifert, é que o banco vislumbrou que não poderia fazer uso deles no curto prazo. Pelas regras, esse crédito só pode ser usado quando a instituição obtém lucro em três dos últimos cinco exercícios. Desde que comprou o Cacique em 2007, o Société só teve lucro com esse banco no ano passado. E não prevê que o resultado se repetirá em 2011. Até junho, o prejuízo estava em R$ 245,6 milhões.
De acordo com o vice-presidente do Société Générale, o aumento de capital será suficiente apenas para manter o atual nível das carteiras de crédito dos bancos Cacique e Pecúnia, que somavam R$ 2,8 bilhões em junho. Operações que forem vencendo serão substituídas por outras novas, mas o objetivo não é ultrapassar esse patamar atual. Leifert nega, porém, que o banco possa vir a se desfazer das operações de financiamento ao consumo no Brasil.
De acordo com o executivo, as operações do Cacique e do Pecúnia ainda estão passando por ajustes, por isso ainda não trouxeram o retorno esperado. “Elas precisam operar integradas, para gerar redução de custos”, diz. É um processo que Leifert espera que ainda se arraste por 2012.
Neste momento, a subsidiária está em negociações com a matriz para receber aportes de capital para o banco de investimento e para a leasing. O valor, porém, ainda não está acertado.
Veículo: Valor – 10/10/2011