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Sem estímulos, crédito a veículos poderá encarecer

O financiamento de veículos manteve a expansão no mês de abril, de acordo com dados das associações do setor. A proximidade do fim de medidas de estímulo à economia, no entanto, já preocupa. Além de ainda não haver uma definição claro sobre a continuidade da isenção do IPI, em junho se encerra a liberação de compulsório dada aos bancos para a compra de carteiras de crédito.

“Eu diria que praticamente todos os bancos de montadora estão girando a carteira via liberação dos compulsórios. Se a medida não for prorrogada, não vão faltar recursos, mais o crédito vai ficar mais caro num momento em que governo tenta reduzir os juros”, afirma Luiz Montenegro, presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef).
 
Essa liberação foi uma das medidas tomada pelo governo como forma de restabelecer a liquidez do sistema financeiro em meio à crise econômica aprofundada no fim do ano passado. A alteração duraria inicialmente até março, mas Banco Central já prorrogou até junho deste ano.
 
De acordo com Montenegro, sem esse canal de funding as instituições terão de recorrer a captações mais caras para fazer frente aos empréstimos. Segundo ele, os bancos ligados às montadoras não podem captar recursos por meio do recém-criado Depósito a Prazo com Garantia Especial, que conta com cobertura adicional do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), por conta do capital estrangeiro.
 
“As iniciativas do governo foram extremamente acertadas, até mesmo a captação com cobertura do FGC. Mas essa alternativa não é viável para os bancos de montadoras. O que é viável são os recursos do compulsório. O ideal seria uma prorrogação de 90 dias enquanto negociamos como o governo”, completa Montenegro.
 
Por enquanto, as concessões de crédito são crescentes. As carteiras de leasing e crédito direto ao consumidor (CDC) cresceram 18,4% em abril, em relação ao mesmo mês do ano passado, e atingiram R$ 145,3 bilhões. A expectativa da Anef é de fechar o ano com uma carteira em torno de R$ 160 milhões, avanço entre 10% e 15%.
 
O leasing continua com desempenho mais forte do que a média das outras linhas, lembra Osmar Roncolato, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Leasing (Abel). O valor presente da carteira chegou em abril a R$ 112,436 bilhões, expansão de 38,06% em doze meses.
 
Os novos negócios, no entanto, somaram R$ 3,870 bilhões no mês, queda de 52,62% em comparação ao volume de abril de 2008. “Historicamente, o segundo semestre sempre fez a diferença. Por isso ainda trabalhamos com um crescimento da ordem de 20% para o leasing em 2009, acima do crédito normal”, conclui Roncolato.
 
Além dos estímulos do governo, os bancos também estão mais agressivos para atrair os clientes. De acordo com Aldo Biasseton, gestor da concessionária Eurobike BMW, os compradores estão “pressionando” por taxas mais baixas e melhores condições no crédito. “Nosso cliente tem um poder aquisitivo maior e já vem com uma taxa oferecida pelo banco dele. O primeiro passo é especular o nível dos juros para saber se a montadora tem uma condição melhor”, disse.
 
Essa disputa, no entanto, especialmente nas últimas semanas, voltou a ser vencida pelas grandes instituições. “Os bancos de montadoras estão agressivos, mas já perdem para os grandes bancos”, disse Biasseton.

Veículo: Valor Econômico