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Hans Hoogervorst, presidente do Iasb: comparabilidade com balanços de empresas concorrentes aumentaria A permissão para uso voluntário do padrão contábil internacional nos Estados Unidos foi defendida ontem por Hans Hoogervorst, presidente do Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês), órgão que escreve as regras do IFRS.
O apelo foi feito em Washington, durante palestra em evento do AICPA, que é o instituto americano de contadores. “Como meu pedido de fim de ano, espero que a Securities and Exchange Commission (SEC) considere seriamente o mérito de se dar a opção de adoção antecipada para algumas companhias americanas usarem o IFRS”, disse ele, na parte final do seu discurso, divulgado pelo Iasb.
Caso as empresas dos EUA passem a adotar o padrão contábil internacional, ficará mais fácil para investidores compararem os balanços de companhias daquele país com a de outras pelo mundo, uma vez que o IFRS é usado hoje em mais de cem países, incluindo o Brasil.
O presidente do Iasb citou que entre as empresas americanas que defendem publicamente o uso do padrão contábil internacional estão as montadoras Ford e Chrysler, a processadora de alimentos Archer-Daniel-Midland, a fabricante de alimentos Kellogg e o Bank of New York Mellon.
Hoogervorst disse que entende a preocupação dos reguladores de haver dois padrões contábeis convivendo no mercado americano, uma vez que em uma proposta como essa o sistema dos Estados Unidos, conhecido como US Gaap, continuaria a existir. “No entanto, se os maiores competidores dessas companhias estão usando o IFRS, a comparabilidade vai, na verdade, aumentar.
” Apesar do apelo do presidente do Iasb, a SEC não deu nenhum sinal até o momento de que esteja pensando em algo nesse sentido. Em recente consulta pública, aliás, a resposta do mercado parece contrária à permissão do uso voluntário antecipado do IFRS por empresas americanas.
O que é permitido, por ora, é que empresas estrangeiras com recibos de ações (ADRs) negociados no mercado americano usem o padrão internacional em substituição ao US Gaap.
Com a chegada do fim do ano cada vez mais próxima, cresce a ansiedade na comunidade contábil mundial por uma manifestação oficial da SEC sobre sua decisão a respeito de uma possível migração obrigatória para o IFRS.
Em fevereiro do ano passado, a diretoria do órgão regulador do mercado de capitais americano disse que até o fim deste ano tomaria uma decisão sobre se e quando o padrão internacional de contabilidade seria usado nos EUA.
Mas apesar de oficialmente a diretoria da SEC não ter comunicado um adiamento da decisão, a área técnica da comissão dá cada vez mais sinais de que ela pode demorar mais que o previsto.
Na segunda-feira, durante o mesmo evento da AICPA, James Kroeker, chefe da área de contabilidade da SEC, disse que o plano de trabalho que está sendo preparado por sua equipe sobre uma possível transição dos EUA para o IFRS precisará de “alguns meses adicionais” para ficar pronto.
Quando a diretoria da SEC prometeu uma decisão para este ano, uma das condições citadas era que esse plano de trabalho estivesse pronto. Outra premissa era um avanço maior do que o atual no processo de convergência prévia entre o IFRS e o US Gaap.
A decisão final, contudo, cabe aos diretores da SEC.