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Sabesp adota “leasing” em parcerias

A Sabesp praticamente dobrou o volume de investimentos entre 2007 e 2008, chegando a R$ 1,7 bilhão no ano passado, e pretende manter o patamar nos próximos cinco anos para cumprir um ambicioso plano de expansão. O problema é conseguir dinheiro para isso. A empresa tenta cortar custos de todo tipo, de vazamentos d’água à folha de pagamento, e mexeu em sua margem de endividamento, passando de uma dívida total de R$ 5,6 bilhões em 2007 para R$ 6,8 bilhões este ano. Outra saída é alavancar os investimentos atraindo capital privado. Para isso, a estatal vem testando algumas fórmulas, como Parcerias Público Privadas (PPPs) e participações minoritárias em concessões menores, mas há outras propostas a caminho.

 Na semana passada, a Sabesp estreou uma nova fórmula de participação de empresas privadas, a “locação de ativos”, uma espécie de variação do leasing adaptado à construção civil. No novo modelo, a Sabesp contratou um consórcio liderado pela construtora Encalso para fazer o sistema de esgoto de Campo Limpo e Várzea Paulista, dois municípios localizados a extremo sudoeste da capital. A obra, de R$ 112 milhões, será alugada para a Sabesp por 16 anos, e depois o ativo fica com a estatal. Com o contrato, a região chegará a 100% de esgoto tratado até 2012. Há mais dois editais para contratos do tipo para sair, um para Franca, de R$ 74 milhões, e outro para Campos do Jordão.
 
Segundo o presidente da Sabesp, Gesner Oliveira, o modelo da locação de ativos foi desenvolvido por um diretor da Caixa Econômica Federal, e a novidade acabou interessando à empresa. Ainda que a prioridade seja sempre manter a posse e operação dos ativos nas mãos da Sabesp, diz Gesner, para atingir suas metas a estatal “não tem dogma nem ideologia”, e toda forma de parceria com a iniciativa privada está sendo levada em conta. Apesar de ainda haver margem de endividamento para a Sabesp no sistema financeiro, a associação com empresas privadas em é uma forma de diversificar as fontes de financiamento e garantir a execução de projetos específicos, afirma o executivo.
 
No ano passado, a empresa havia lançado outras duas fórmulas de alavancagem com participação privada. A primeira foi a maior PPP já feita no setor de saneamento, um projeto de R$ 1 bilhão firmado no com uma subsidiária da Galvão Engenharia, a CAB Ambiental. Pelo contrato, de 15 anos, a CAB deverá reformular e operar uma estação de tratamento para fornecer água para 3 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo. Outra modalidade de associação com empresas privadas foi a entrada da Sabesp com 30% do capital em um consórcio montado com a divisão de saneamento da OHL para assumir a concessão esgoto em Mogi Mirim, licitada em 2008.
 
Uma quarta forma de parceria com a iniciativa privada poderá ser criada para possibilitar a entrada da Sabesp no ramo de resíduos sólidos. A empresa prepara contratos para construção de aterros sanitários regionais em Itapecerica da Serra e São João da Boa Vista, e de incineradores de lixo em Lins e Mogi das Cruzes. A idéia é montar sociedades com empresas privadas do setor não só para levantar capital, mas know-how, pois o negócio é inédito para a estatal. A entrada da Sabesp no novo ramo, diz Gesner, é viável pois ela pode obter ganhos de eficiência aproveitando parte da estrutura da empresa já existente na região para operar os sistemas de água e esgoto.
 
No plano de investimentos da empresa nos próximos cinco anos, de R$ 8,6 bilhões, boa parte dos gastos – R$ 4 bilhões – devem ser bancados por recursos próprios. O principal projeto para aumentar a geração de caixa para investimento é a redução de perdas no fornecimento de água, hoje próxima de 27% – a idéia é levar o índice para 20% em cinco anos. Outro plano é tentar reduzir a conta de energia da Sabesp, hoje de R$ 1,5 bilhão ao ano.
 
Apesar de a Sabesp ter ganhado recentemente autorização legal para atuar em outros estados, não há planos a curto prazo para isso, afirma Gesner. A prioridade é universalizar o serviço nas cidades onde ela já atua, e sua participação fora só deve ocorrer caso surja uma oportunidade de investimento muito rentável – o que ajudaria até mesmo a financiar os projetos da empresa em São Paulo.

Veículo: Valor – 06/07/2009