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Para o ministro, resultado nas transações é o “preço do sucesso”
A piora nas transações correntes do Brasil com o exterior deverá provocar, em algum momento, uma desvalorização do real, segundo o ministro Guido Mantega.
Ontem, o ministro convocou a imprensa para comentar o deficit de US$ 5,2 bilhões nas transações entre o Brasil e os demais países no mês passado, o pior resultado desde 1947.
Mantega destacou que esse é um “fenômeno passageiro”, sendo o “preço do sucesso” pelo bom desempenho no pós-crise. “O Brasil, em relação a outros países, sofreu menos com a crise e está crescendo mais. A primeira razão desse deficit é a atividade econômica mais forte”, disse.
“Nós temos mercado, estamos comprando. A conta de serviços também está mais alta por conta de mais transporte de produtos. Além disso, aumentaram as operações de leasing de equipamentos, principalmente pela Petrobras”, disse.
Apesar de enfatizar que a situação das contas é sólida devido ao elevado volume de reservas internacionais mantidas pelo país e descartar aumento da vulnerabilidade externa, Mantega disse que não é possível “ignorar” o deficit em transações correntes. “A formação de preço [do real] deverá levar em conta isso em algum momento. A tendência é de desvalorização do real.”
Para a Fazenda, essa desvalorização ainda não ocorreu porque há interesse dos demais países em investir no Brasil, seja no setor produtivo, seja em títulos e ações. Além disso, a previsão de que o setor privado realize captações no exterior -inclusive a Petrobras- deverá trazer mais dólares, impedindo a desvalorização do real.
Veículo: Folha de S. Paulo 28/07/2010