,
Loading...

Notícias

Quebra do CIT Group afetaria empresas

O CIT Group, o banco criado há um século que não está conseguindo convencer o governo dos Estados Unidos a apoiar suas vendas de dívida, disse ontem que o fechamento de suas portas colocaria 760 clientes do setor industrial sob o risco de falência e “precipitaria uma crise” para até 300 mil comerciantes varejistas. Um colapso seria sentido em todas “as pequenas e médias empresas que dependem do CIT para operar – para pagar seus fornecedores, embarcar produtos para os clientes e cuidarem de suas folhas de pagamento”, disse o banco de Nova York em documentos interno obtidos pela Bloomberg News, que defendem a ideia de sua importância para a economia dos EUA. Curt Ritter, porta-voz do CIT, não quis falar sobre os documentos ontem.

Uma fonte disse que executivos do CIT conversaram com autoridades reguladoras nos últimos dois dias, depois da queda dos preços das ações e bônus da instituição, provocada pelos temores de que a Federal Deposit Insurance Corp. negue a entrada do banco em seu programa de garantia de bônus, criado no ano passado para descongelar os mercados de dívida. O CIT poderá entrar em default em abril, quando precisa quitar uma linha de crédito de US$ 2,1 bilhões, segundo a agência de avaliação de crédito Fitch Ratings.
Só ontem, as ações do CIT Group caíram 11,8% na Bolsa de Nova York. Os papéis já haviam perdido 17,7% do valor no pregão de sexta-feira.
“Um default do CIT criaria problemas de liquidez para o setor corporativo”, diz Ed Grebeck, diretor-presidente da consultoria Tempus Advisors de Stamford, Connecticut, especializada em dívida. “Se o CIT não fizer financiamentos comerciais e empréstimos, seus clientes vão recorrer a outros bancos e até onde posso ver eles não estão querendo se adiantar.”
A quebra do CIT, presidido por Jeffrey Peek, seria o maior colapso bancário desde que as autoridades reguladoras americanas confiscaram o Washington Mutual em setembro. O CIT divulgou ativos de US$ 75,7 bilhões e endividamento de US$ 68,2 bilhões, incluindo US$ 3 bilhões em depósitos, no fim do primeiro trimestre.
A instituição, que teve mais de US$ 3 bilhões de prejuízo nos últimos oito trimestres, diz ter contratado a Skadden, Arps, Slate, Meagher & Flom como consultores. A Skadden de Nova York é conhecida por seu trabalho em fusões e aquisições e falências. A firma representou a BHP Billiton, a maior mineradora do mundo, em sua proposta de aquisição de US$ 150 bilhões pela Rio Tinto, e aconselhou a Circuit City Stores em sua falência. Jay Goffman, presidente-adjunto do grupo de reestruturação corporativa global da Skadden, não quis comentar ontem o trabalho da firma de advocacia para o CTI.
O CIT está com US$ 10 bilhões em dívidas que vencem ao longo de 2010 e está há mais de um ano sem vender bônus corporativos, segundo dados compilados pela Bloomberg.
Os swaps de default de crédito do CIT subiram 2 pontos porcentuais, para 39,5% adiantados, segundo a corretora Phoenix Partners Group. Isso soma-se a 5% ao ano, o que significa que para se proteger cada US$ 10 milhões em dívidas do CIT por cinco anos, o custo inicial seria de US$ 3,95 milhões e o custo anual de US$ 500 mil. O custo adiantado atingiu o nível mais alto desde 17 de outubro, quando bateu no recorde de 41,5%, segundo preços da CMA Data Vision.
Os swaps de default de crédito são instrumentos financeiros baseados nos bônus e empréstimos que são usados para especular sobre a capacidade de uma companhia de pagar suas dívidas. Eles pagam o valor de face ao comprador, em troca dos títulos correspondentes ou o dinheiro equivalente, se um tomador não conseguir com seus acordos de dívida. Uma alta indica deterioração na percepção da qualidade de crédito; uma queda, o oposto.
O CIT, que afirma ter sido o primeiro a oferecer crédito para ajudar os consumidores americanos a comprarem os carros Studebaker, financia cerca de 1 milhão de empresas, da Dunkin’ Brands de Canton, Massachusetts, à Eddie Bauer Holdings, a rede de lojas de roupas de Bellevue, Washington, que quebrou. O CIT afirma ser a terceira maior firma de leasing de locomotivas dos EUA e a terceira maior financiadora de aviões do mundo. O CIT transformou-se em banco em dezembro, para que pudesse se qualificar para o plano de socorro do governo americano, e recebeu US$ 2,33 bilhões em recursos do Tesouro dos EUA.
A Federal Deposit Insurance Corp. (FDIC) teme que apoiar o CIT no problema de suas dívidas coloque o risco o dinheiro dos contribuintes americanos, uma vez que a qualidade de crédito da instituição está piorando. Esta afirmação foi feita na semana passada por fontes ligadas à agência, que não quiseram se identificar porque as negociações estão sendo sigilosas. Desde 25 de novembro a FDIC já apoiou a venda de US$ 274 bilhões em bônus so seu Plano Temporário de Garantia de Liquidez, elaborado para proporcionar a tomadores com capacidade creditícia, acesso a recursos depois que os mercados de dívida ficaram paralisados após o colapso do Lehman Brothers.
A agência federal, presidida por Sheila Bair, está discutindo com o CIT maneiras de o banco reforçar sua posição financeira, incluindo o aumento de capital, disse uma das fontes. As medidas do CIT para melhorar sua qualidade de crédito, como a transferência de ativos para o seu banco, não têm sido suficientes, disse a fonte.

Veículo: Valor Econômico