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Planalto resiste à pressão pemedebista por mais espaço no governo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se ontem à noite com a cúpula do PMDB para discutir uma maior presença da legenda no governo, a participação em uma possível candidatura Dilma Rousseff e as relações com o Executivo a partir de 2011, caso a ministra da Casa Civil vença as eleições presidenciais. O encontro foi marcado pelo presidente Lula e serviu para os pemedebistas explicitarem algumas insatisfações e o desejo do partido de participar da coordenação política.

Na semana passada, as relações do PMDB com o Planalto sofreram desgastes. O principal deles foi a demissão de afilhados políticos do partido na Infraero: Oscar Jucá e Taciana Canavarro, irmão e cunhada do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Mônica Azambuja, ex-mulher do líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), também perdeu o cargo na estatal. As demissões não foram discutidas na reunião.
 
O clima esquentou e o PMDB passou a reivindicar uma participação maior no núcleo decisório do governo, a chamada coordenação política. Mesmo tendo seis ministérios, o líder do governo no Senado e as presidências da Câmara e do Senado, o partido ainda se sente afastado das decisões do Executivo. “O presidente Lula tem reiterado que o PMDB é importante para a coalizão. Por isto, nada mais natural que participemos da coordenação, onde são antecipadas as decisões governamentais, desenhados os rumos da administração pública e discutidos os problemas internos”, disse Alves.
 
O deputado potiguar buscou minimizar o clima de confronto, lembrando que, na semana passada, o presidente Lula repetira aos presidentes da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP) e do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que contava com o partido até 2010. “Vamos ouvir o que o presidente tem a nos dizer. Mas creio que tem a ver com a nossa relação a partir de 2011”.
 
O PMDB aposta no discurso entoado pelo próprio governo de que o partido é o parceiro preferencial para cacifar ainda mais a candidatura Dilma. Um pemedebista ouvido pelo Valor declarou que as mudanças defendidas pela legenda não significariam a distribuição de novos cargos. “Bastaria, por exemplo, a inclusão de um ministro como Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) na coordenação, que o partido se sentiria contemplado”, acrescentou uma liderança partidária.
 
A equação não é tão simples assim: um ministro que integra a coordenação de governo acha pouco factível que o pleito pemedebista encontre eco junto ao presidente Lula. “Os ministros que integram a coordenação lá estão por ocuparem Pastas-chaves na administração federal. Não estão lá por indicações partidárias”, rebateu.
 
Para este ministro, o equilíbrio partidário se dá no Conselho Político, do qual fazem parte líderes e presidentes de todos as legendas que compõem a coalizão governista. “O Conselho também debate e decide os rumos da gestão Lula. O PMDB está muito bem onde está”, reforçou. O auxiliar do presidente não escondeu a irritação com recentes atitudes do PMDB. “Eles relataram uma MP – a 449 – e ela está com quase 119 emendas, totalmente desfigurada”, reclamou.
 
As dificuldades na relação política entre o governo e a base no Congresso também colocam em situação delicada o ministro da coordenação política, José Múcio Monteiro. A Pasta que ele comanda é alvo constante de ataques especulativos, especialmente do PT. O líder do partido no Senado, Aloizio Mercadante (SP), negou que haja qualquer movimento do partido para derrubar Múcio. Mas, é notório que as relações do petebista com os senadores petistas se deterioraram muito depois das eleições para a presidência da Casa. O senador derrotado, Tião Viana (AC), atribuiu sua derrota ao ministro da coordenação política, já que o PTB fechou apoio a Sarney. E ontem, o PMDB devolveu o apoio, ao deixar a reunião com Lula reafirmando apoio a Múcio. “Reafirmamos o apoio do PMDB ao ministro Múcio. Ele é o ponto de equilíbrio da base na Câmara e no Senado”, garantiu Jucá.

Veículo: Valor econômico