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Operações de longo prazo pelos bancos e reformas

O problema do crédito de longo prazo voltou à tona ao se colocar em dúvida a capitalização do BNDES com títulos do Tesouro, o que representa um crédito altamente subsidiado. Levanta-se a necessidade de os bancos privados entrarem firmemente nos empréstimos de longo prazo.

Atualmente, os empréstimos de longo prazo são só para imóveis e os de prazo médio, para automóveis. Nos dois casos é limitado o risco das instituições financeiras, pelo fato de os bens financiados poderem ser retomados pelos financiadores.
No caso do crédito imobiliário, 75,2% é de autoria dos bancos públicos, e é apenas marginal a participação dos bancos privados, cuja atuação visa a operações para pessoas geralmente de alto rendimento. O grosso dos investimentos depende essencialmente da Caixa Econômica Federal, sob controle do governo federal.
 
O financiamento para veículos automotivos está-se realizando cada vez mais por meio de operações de leasing, que representam 1,7% do PIB, ou por bancos especializados vinculados a montadoras, que procuram atrair clientes com esses financiamentos – cujo custo está muito abaixo do do crédito pessoal, graças à possibilidade que tem o financiador de retomar o automóvel em caso de não-pagamento pelo mutuário.
 
O saldo das operações do BNDES no final do 1.º semestre era de R$ 312,8 bilhões, dos quais 53,7% são diretos e o restante, repasses para os quais os bancos assumem uma certa responsabilidade. Esses créditos representam 20,4% do total dos créditos do sistema financeiro e 8,4% dos empréstimos à indústria, o que nos leva a pensar que uma parte importante vai para as empresas estatais, especialmente a Petrobrás.
 
Em que medida os bancos privados poderiam oferecer empréstimos de longo prazo às indústrias brasileiras é a grande questão. Para isso teriam de captar recursos de longo prazo a um custo baixo, de ter uma inflação muito baixa e a certeza de que a política monetária não terá uma taxa básica de juros alta e sem variações importantes, a não ser por um prazo curtíssimo.
 
Caberia ao Banco Central reduzir consideravelmente a taxa básica de juros (o que só pode fazer se eliminar qualquer resíduo de indexação), e depois de uma redução da inflação a um nível em torno de 1%. Isso só pode ser obtido mudando-se a meta da inflação para baixo. Neste contexto, talvez seja possível que os bancos privados façam operações de longo prazo, indispensáveis para o crescimento sustentado.
 
Veículo: O Estado de S.Paulo 19/08/2010