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Lucro do Unibanco sobe 5% e soma R$ 1,49 bi no semestre

O Unibanco registrou lucro líquido de R$ 1,497 bilhão no primeiro semestre de 2008, alta de 5,27% frente ao R$ 1,422 bilhão alcançado no mesmo período do ano passado. O banco revisou sua projeção de alta da carteira de crédito em 2008 para ao menos 25%. No início do ano, a instituição previa avanço de 20% a 25%.

O lucro líquido do segundo trimestre foi de R$ 756 milhões, queda de 10% frente aos R$ 841 milhões do mesmo intervalo de 2007. No ano passado, no entanto, o resultado do banco havia sido inflado com R$ 203 milhões de efeitos extraordinários.

O banco atribuiu o crescimento do lucro semestral à elevação da carteira de crédito, que atingiu R$ 68,991 bilhões nos primeiros seis meses do ano, evolução de 33,6% em 12 meses. O destaque foi a carteira de varejo, que cresceu 39,2% em 12 meses – financiamento de automóveis subiu 86,9%, pequenas e médias empresas subiram 48,9%, cartões de crédito, 35,9%, e a carteira própria de consignado, 33,9%. No atacado, ou seja, o crédito às grandes empresas, o avanço foi mais intenso que em períodos anteriores, de 25,5% nos últimos 12 meses. Segundo o banco, a alta ocorreu devido à maior demanda dessas empresas por recursos no mercado doméstico, por conta da menor liquidez internacional.

O saldo de provisões para perdas com créditos atingiu R$ 3,268 bilhões, equivalendo a 4,7% da carteira. O retorno anualizado sobre o patrimônio líquido médio (RPLM) foi de 26,6 % no trimestre, e de 25,9 % no primeiro semestre. Os ativos totais somaram R$ 172 bilhões, com variação anual de 32,7%. O resultado da intermediação financeira antes da provisão para perdas com créditos atingiu R$ 3,215 bilhões no segundo trimestre de 2008, com crescimento de 22,7% frente ao mesmo período do ano anterior. Segundo a instituição, essa evolução é explicada pelo aumento do volume de crédito e pela elevação das taxas de juros.

De acordo com Geraldo Travaglia, vice-presidente de Controladoria do Unibanco, a instituição deverá atingir 1 mil agências abertas em todo o País até outubro deste ano. Até o final de 2008, serão abertas 72 novas unidades, sendo que até 2010 serão 200 mais. “Também teremos um programa de modernização de 350 agências já existentes”, salienta.

De acordo com o executivo, o custo de captação de recursos no mercado doméstico voltou a cair nos últimos meses. Segundo Travaglia, o custo médio global (que inclui depósitos à vista, de poupança e Certificados de Depósitos Bancários) está em 88% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI). Um ano atrás, esse custo estava em 85% do CDI. Por outro lado, o executivo explica que o custo do CDB está em 101% do CDI, mesmo patamar de um ano atrás. “O mercado teve maior pressão em março, quando os custos chegaram a 103% do CDI”, explica, completando que essa elevação ocorreu por conta da decisão do governo de cobrar compulsório sobre os depósitos das empresas de leasing (arrendamento mercantil), que era uma forma de captação mais barata para as instituições.

Sobre crédito, Travaglia diz que a alta da taxa básica de juros ainda não teve efeito sobre a demanda. Além de projetar avanço de 25% para a carteira total do banco este ano, ele antevê avanço de 45% para financiamento de automóveis, 25% a 30% para pequenas e médias empresas, 45% para financiamento imobiliário e 35% para o consignado com originação própria. No atacado, a previsão inicial era de avanço de 10% a 15%, mas essa projeção foi revisada para 15% a 20%.

Assim como nos balanços de Itaú e Bradesco, a regulamentação do governo para reajustes de tarifas bancárias já teve impacto nas receitas com prestação de serviços do Unibanco. No primeiro trimestre, a instituição registrou R$ 914 milhões com essas receitas, enquanto no segundo trimestre esse volume estava em R$ 916 milhões, mantendo-se praticamente estável. No semestre, contudo, houve avanço de 7% na comparação com 2007, para R$ 1,830 bilhão. “Mesmo na comparação anual, esse avanço vem abaixo do que costumávamos ter, que era de 10% a 13%”, salienta Travaglia. “Para minimizar esse impacto, a única solução é trazer mais clientes para a base”. Em 2008, o banco espera conquistar 700 mil novos consumidores.

O executivo afirmou ainda que o aumento da alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) de 9% para 15%, anunciado pelo governo no início deste ano, não deve ter forte impacto no lucro da instituição no curto prazo por conta da ativação de R$ 490 milhões de créditos tributários. “Decidimos não reconhecer o crédito de uma vez só para não gerar distorções no balanço. Vamos reconhecer mensalmente até o 1º trimestre de 2009”, diz.

Travaglia também justificou a queda da margem financeira de 7,1% para 6,3% do segundo trimestre de 2007 na comparação com o mesmo período deste ano. “Foi inevitável por conta da queda da Selic em 2007 e pela mudança no mix para produtos com spread menor e risco também menor”. A previsão é encerrar o ano com margem em 6,5%.

Veículo: DCI Capa 8/8/08 Estado: SP