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Nem bem o governo instituiu o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) mais alto para o crédito nas operações de pessoa física – de 1,5% para 3% no dia 7 -, e o setor de financiamento de veículos já encontra os seus escapes. Nas concessionárias é possível perceber uma oferta mais firme do leasing em lugar dos contratos de CDC convencionais. Em revendas das marcas Fiat, Nissan e Renault, os anúncios nos jornais do fim de semana antecipavam esse movimento. A reportagem do Valor visitou ontem distribuidores na zona Oeste de São Paulo e confirmou que o arrendamento mercantil voltou a ser alternativa colocada aos clientes, embora haja entraves jurídicos para que roube a cena do CDC.
Numa unidade da Fiat, no CDC um veículo de R$ 30 mil era financiado em 60 parcelas de R$ 876,86, enquanto no leasing as mensalidades eram de R$ 848,58. A economia é de quase R$ 1.700. Na loja, o leasing tem alcançado uma participação maior nas vendas. A modalidade representou 9,6% dos contratos de financiamento na semana passada, ante 5,4% na semana anterior. Em termos absolutos, o leasing se manteve. O número de operações de CDC é que caiu.
Numa concessionária da Renault, o leasing voltou a ser oferecido depois de cinco meses, mas nenhum veículo havia sido vendido na modalidade até ontem. A diferença entre o CDC e o leasing na aquisição de um Clio Autentique pago em 60 parcelas gera uma diferença de R$ 1,5 mil a favor do leasing. As vendas, após o governo elevar o IOF, entretanto, caíram. No fim de semana anterior ao tributo mais caro, a revenda comercializou 19 automóveis. No seguinte, já com o IOF duplicado, foram vendidos 10 carros a menos.
Embora o leasing seja formalmente uma operação de arrendamento (espécie de aluguel) com opção de compra no final do contrato, no Brasil houve períodos em que substituiu o CDC. A diferença é que os prazos são mais longos, há menos flexibilidade para liquidação antecipada e o veículo permanece em nome da empresa de arrendamento. Por não se tratar de crédito, o arrendamento escapa das medidas de maior requerimento de capital das instituições que financiam carros e nele também não há incidência do IOF.
“O custo antes empatava por causa da incidência do ISS, mas agora, com o IOF mais alto no CDC, o leasing ganhou competitividade”, diz o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Leasing (Abel), Osmar Roncolato Pinho. Ele não acredita que o governo possa instituir IOF para o leasing e a Abel deve rever a projeção de aumento de 10% nas operações neste ano. “Nunca houve cobrança de IOF no leasing. Seria necessário mudar a estrutura tributária, pois já há incidência do ISS”, diz.
Veículo: Valor – 20/04/2011