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SÃO PAULO – O retorno do crescimento econômico e a maior facilidade de conseguir crédito bancário estão levando à queda da representatividade das operações de leasing no financiamento de veículos. Dados do Banco Central apontam de que, enquanto o financiamento para aquisição de veículos vem ganhando espaço, passando de uma representatividade de 56% do total financiado em maio para 58,2%, a modalidade de arrendamento mercantil teve queda de 2,3 pontos de participação no período, chegando a 41,8%.
A carteira total do leasing também apresentou queda em outubro, a um saldo de R$ 64,859 bilhões, perda de 0,9% em relação ao mês anterior. Por outro lado, o saldo de operações para aquisição de veículos cresceu 1,1% na comparação mensal, chegando a R$ 155,116 bilhões, com uma alta de 2,6% nos financiamentos, a estoque total de R$ 90,258 bilhões.
Na comparação em 12 meses, o leasing tem uma expansão de 16,4%, contra 6% dos financiamentos. No período, as operações totais cresceram 10%.
Para o professor do Laboratório de Finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA) Keyler Carvalho Rocha, o crescimento do arrendamento mercantil no ano está relacionado à maior dificuldade de conseguir crédito no período mais agudo da crise. “Em um momento de maior dificuldade de conseguir empréstimos, o leasing foi uma boa alternativa. Com uma melhora da liquidez do sistema financeiro e queda das taxas de juros, o crédito voltou a ser opção mais viável”, analisa o acadêmico.
Segundo ele, ainda não dá para apontar uma tendência para 2010, já que tudo depende do comportamento dos juros.
Para a Associação Brasileira das Empresas de Leasing (Abel), a queda da empregabilidade, no um período mais agudo da crise, levou a uma redução tanto no leasing como no crédito.
Em entrevista em outubro, no último balanço da entidade, o presidente da Abel, Osmar Roncolato Pinho, afirmou que já havia uma reversão nesse processo.
“Acreditamos na retomada do crédito em geral e do leasing, principalmente em veículos”, afirmou, na época.
Na última estatística divulgada pela associação, em agosto, veículos e afins representavam 88,5% da carteira, enquanto máquinas e equipamentos e equipamentos de informática somam outros 10%. O Valor Presente da Carteira (VPC) estava em R$ 114,743 bilhões, crescimento de 14,29% em relação a agosto de 2008, quando era de R$ 100,395 bilhões. Para o último trimestre do ano, a expectativa da Abel é de crescimento, puxado pela retomada econômica, aliada ao período de festas.
Além disso, uma maior competição com o crédito não é motivo de preocupação para a instituição, uma vez que não acredita em uma perda de espaço para o Crédito Direto ao Consumidor (CDC) no mercado. O principal motivo é a incidência do imposto sobre operações financeiras (IOF) adicional sobre as operações de financiamento. A incidência de IOF sobre financiamentos sofreu aumento em janeiro do ano passado, sem atingir o arrendamento mercantil.
Além disso, depois de 10 meses de queda consecutiva, o Banco Central voltou a registrar alta da taxa média de juros, em outubro. O índice vinha sofrendo seguidas baixas desde novembro de 2008, e mês passado subiu 0,3 ponto percentual, a 35,6%. Na pessoa física, a cobrança passou de 43,6% para 44,2%, enquanto na jurídica o custo médio passou de 26,3% para 26,5%. Na aquisição de veículos para indivíduos, a alta foi mais expressiva: 0,7 ponto, a 25,6%.
Veículo: DCI 27/11/2009