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Leasing para carro perde força, e comprador prefere crédito direto

O empresário Romário Castro da Silva é um dos milhares de consumidores que compraram um carro por meio de leasing, modalidade de financiamento que triplicou em apenas dois anos e chegou a representar quase metade das vendas a prazo do setor automotivo.

Agora, esse movimento dá sinais de esgotamento, devido a alterações nas condições de financiamento e na estratégia dos próprios bancos que atuam nesse segmento.

O caso de Silva explica, em parte, essa mudança. Há dois anos, ele fez um leasing automotivo, que na época oferecia prestação bem menor em relação ao tradicional CDC (Crédito Direto ao Consumidor). Agora, ao ajudar sua noiva na compra de um carro zero, encontrou condições mais semelhantes nas duas modalidades e avaliou que o crédito direto seria mais vantajoso.

“Vamos fazer o CDC. Da outra vez, fiquei amarrado ao leasing e não pude antecipar as prestações para ter desconto no pagamento”, afirmou o empresário, citando uma das principais diferenças entre as duas modalidades.

O leasing, também chamado de arrendamento mercantil, funciona como uma espécie de empréstimo. O bem fica registrado no nome da instituição financeira, e o consumidor, ou empresa, paga uma prestação por determinado período para utilizá-lo. Ao final do contrato, tem a opção de comprá-lo.

Como o risco de inadimplência é menor e não há cobrança de IOF, a prestação tende a ser menor que a do CDC. Por outro lado, o cliente não tem a opção de adiantar o pagamento das prestações para reduzir a dívida e tem de cumprir um contrato de pelo menos dois anos.

Até 2008, a diferença entre as prestações nas duas modalidades era grande, por isso, poucos consumidores se preocupavam em avaliar melhor a questão financeira e acabavam optando peloleasing. Hoje, porém, as condições de financiamento oferecidas pelos bancos reduziram muito a diferença, o que devolveu, em alguns casos, a competitividade ao CDC.
 
Estratégia
De acordo com o presidente da Anef (associação que reúne os bancos das montadoras), Luiz Montenegro, essa mudança de custos reflete alterações tributárias e de estratégia das instituições financeiras. Alguns bancos podem estar captando recursos mais caros para atividades de arrendamento e repassando esse aumento.

Há ainda a questão de manter o equilíbrio nas duas opções de financiamento. “Um banco que já tem uma carteira de leasing muito grande pode querer diluir esse negócio e oferecer ao público um CDC mais barato, reduzindo sua margem [de lucro] nessa área. É o custo da operação que determina essa dinâmica”, afirmou.

A mudança de tendência verificada em 2009 também reflete a redução na alíquota do IOF para operações de crédito, o que encurtou a distância entre o leasing e o crédito direto.
O comerciante Cléber Conceição, por exemplo, optou pelo CDC ao verificar que a diferença na prestação de um Uno Mille era inferior a R$ 20. “O leasing é até mais barato, mas no CDC posso antecipar as parcelas e ganhar um desconto.”

Veículo: Folha de S. Paulo 18/01/2010