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Investimentos retomam ritmo pré-crise

Um ano para confirmar a retomada no volume de investimentos das empresas em tecnologia da informação (TI): essa é a expectativa das grandes companhias brasileiras para 2011, depois de um 2009 marcado pelo adiamento de projetos importantes e do início de um processo de recuperação em 2010.

Segundo dados preliminares de um estudo que está sendo conduzido pelo Instituto sem Fronteiras (ISF) e que vai abranger 1,2 mil empresas públicas e privadas, os investimentos em TI vão somar R$ 61,9 bilhões neste ano, o que representa um crescimento de 10,3% ante os R$ 56,1 bilhões registrados em 2010. Das 740 empresas que já responderam à pesquisa, 65% disseram que vão ampliar o orçamento destinado à TI. Os recursos incluem tanto o desenvolvimento interno de sistemas como a compra de produtos e serviços de terceiros.

“Apesar do crescimento de 10,5% em 2010, a base de comparação era baixa. A projeção de manter o índice neste ano mostra que as cifras realmente estão voltando ao patamar pré-crise”, diz Ivair Rodrigues, analista do ISF.

O cenário otimista foi confirmado por seis grandes companhias ouvidas pelo Valor. Todas planejam manter ou ampliar os orçamentos, dirigidos principalmente a projetos de longo prazo. Só parte dessa conta – já que nem todas revelam valores – supera a faixa de R$ 7 bilhões.

Três áreas básicas disputam os recursos das empresas: tecnologias que ajudam a reduzir os custos, segurança e mobilidade.

Segmento que historicamente lidera os investimentos em TI no país, o setor financeiro retrata bem esse contexto. No Bradesco, o vice-presidente-executivo Laércio Albino Cezar diz que uma das prioridades será dar continuidade ao projeto TI Melhorias, iniciado em 2005. Depois de concluídas vinte e sete etapas, o processo chega ao fim neste ano. Desde 1962, o banco desenvolve sistemas que nem sempre têm ligação entre si. A proposta é criar uma base tecnológica comum capaz de integrar todos os sistemas. O objetivo é acelerar o lançamento de produtos e serviços. “Vamos seguir a mesma rota de 2010, com um orçamento em torno de R$ 3,4 bilhões”, diz Cezar.

No campo da segurança, que concentra cerca de 8% do investimento anual do Bradesco em TI, o executivo diz que o banco planeja expandir o número de caixas de autoatendimento bancário (ATM) com recursos de biometria da palma da mão, de 18 mil para 30 mil equipamentos.

O uso da biometria nas transações bancárias também será uma das estratégias do Itaú Unibanco, que investiu R$ 3,4 bilhões em TI no ano passado. “Pretendemos ampliar o orçamento em 2011 para aumentar a eficiência, a segurança e oferecer mais conveniência aos clientes”, diz Alexandre Barros, vice-presidente de tecnologia do banco. O orçamento deste ano não é revelado. Entre outros projetos que estarão em pauta, o executivo destaca o desenvolvimento de aplicativos e serviços para dispositivos como smartphones e tablets.

 

Redução de custos, segurança da informação e recursos móveis, como tablets e smartphones, são as prioridades

Fazer mais com os mesmos recursos é um traço comum nos planos das companhias. Na Petrobras, o orçamento de TI será de R$ 3,6 bilhões, 8% maior que o do ano passado. Mas há uma mudança na divisão interna das contas: os investimentos propriamente ditos devem cair 10%, para R$ 1 bilhão, enquanto as despesas operacionais vão crescer um pouco e chegar a R$ 2,6 bilhões. A empresa fez um leasing de computadores e servidores [os equipamentos que administram os dados e programas em uma rede], para economizar recursos e destiná-los a outros projetos.

Ainda neste semestre, a Petrobras pretende inaugurar seu novo centro de processamento de dados, que foi construído ao longo dos três últimos anos e vai concentrar 60% dos sistemas críticos da empresa. A unidade ficará na Ilha do Fundão, no Rio, integrada ao centro de pesquisa e desenvolvimento da companhia.

A Petrobras também está investindo em sua rede de fibra óptica, que acompanha a malha de gasodutos e alcooldutos da companhia e está sendo expandida na Bacia de Campos, que vai receber os investimentos do pré-sal. “Vamos concluir neste ano nosso sistema de telefonia IP [via internet], que interliga escritórios e algumas plataformas de petróleo e gás”, diz Fonseca.

Segundo Marcelo Kawanami, analista da consultoria Frost & Sullivan, os investimentos em TI têm sido ampliados, em grande parte, para sustentar o crescimento das empresas. “Verificamos um aumento na geração de negócios e dados que exigem investimento em TI para fazer tudo funcionar.”

É o caso da Ambev, que prevê um orçamento de R$ 50 milhões neste ano, e dará continuidade à criação de novos centros de distribuição e à ampliação de suas fábricas. “Temos uma agenda bastante forte e vamos investir muito em telecomunicações e logística”, diz Sergio Fernandes Vezza, diretor de TI da companhia.

Além da implantação de softwares de gerenciamento de transportes e de depósitos, a Ambev planeja integrar seu sistema de gestão de recursos humanos com as operações na Argentina, no Paraguai e no Uruguai. “Vamos equilibrar essas demandas com as tecnologias voltadas à equipe de vendas, que sempre foram a vertente mais forte na empresa”, afirma Vezza.

O grupo Pão de Açúcar também seguirá um linha de investimentos em softwares logísticos e comerciais, sob o projeto Futuro do Varejo. “Em 2011, vamos concluir a fase um, com a implantação das ferramentas de gestão de abastecimento e gerenciamento de transporte em nossas lojas e centros de distribuição”, diz Ney Santos, diretor de TI do grupo.

O orçamento do Pão de Açúcar para 2011 não é revelado, mas Santos explica que o projeto Futuro do Varejo consiste na migração dos sistemas que já eram usados na empresa para o Oracle Retail, um conjunto de programas desenvolvido especificamente para o segmento varejista.

Bancos e operadoras vão continuar na liderança dos gastos com TI, diz Kawanami, da Frost & Sullivan, mas segmentos como varejo e saúde estão ganhando espaço, o que vai estimular a criação de ofertas específicas para essas atividades.

Algumas companhias também já iniciaram seus investimentos em modernização para ficar preparadas para a Copa do Mundo, afirma o analista. A grande novidade para o ano, diz Kawanami, será a adoção dos tablets dentro das empresas.

A tendência está na pauta da Cemig. Segundo Jamir Teodoro Lopes, superintendente de tecnologia da companhia energética, os principais executivos vão receber tablets para acessar informações e sistemas internos. “Estamos estudando com o departamento de telecomunicações outros equipamentos e aplicações que possam ser usadas”, diz Lopes.

O orçamento da Cemig para TI em 2011 terá um incremento de 20%, afirma o executivo. “Em 2010, cuidamos de estabilizar o que estava em andamento. Em 2011, vamos investir em projetos novos.”

Um dos grandes destaques para a Cemig será a ampliação do uso dos chamados sistemas analíticos para as demais empresas do grupo. Esses softwares agrupam informações referentes às atividades de uma companhia e auxiliam os executivos na hora de tomar decisões estratégicas. “O momento econômico é muito favorável ao crescimento das empresas. E um dos pilares desse processo é a TI”, diz Lopes.

Veículo: Valor – 26/01/2011