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Inadimplência e volatilidade diminuem lucro do Bradesco

O aumento das provisões para cobrir o crescimento da inadimplência e as perdas com a marcação a mercado de investimentos afetaram os resultados do Bradesco, divulgados ontem.

 Márcio Cypriano, presidente: “Crise se alastrou com velocidade nunca vista”
O Bradesco teve lucro líquido de R$ 1,605 bilhão no quarto trimestre, acumulando R$ 7,62 bilhões no ano. O resultado do quarto trimestre é 27% inferior ao de igual período de 2007 e 16% menor do que o do terceiro trimestre de 2008. No ano, a queda foi de 4,9% em comparação com R$ 8,01 bilhões de 2007.
 
Mas o banco prefere trabalhar com os números do lucro líquido recorrente, que exclui fatores como a marcação a mercado dos papéis, causada pelo forte aumento da volatilidade, e o reforço das provisões. Levando-se em conta esses fatores, o lucro líquido ajustado do Bradesco ficou em R$ 1,806 bilhão no quarto trimestre, 5,4% inferior ao do terceiro trimestre e 2,6% menor do que o do quarto trimestre de 2007, excluindo ganhos extraordinários com a venda de ações da BM&F e ativação de crédito tributário, obtidos naquele período.
 
O lucro líquido ajustado de 2008 ficou em R$ 7,625 bilhões, 5,8% maior do que o resultado também ajustado de 2007, de R$ 7,210 bilhões.
 
O retorno sobre o patrimônio líquido médio considerando-se o resultado recorrente foi de 23,8% no ano e de 20,1% quarto trimestre. Os números ficaram ligeiramente abaixo do esperado pelo mercado. As ações preferenciais do banco caíram 2,45% para R$ 20,29, ontem, ultrapassando a queda de 1,61% do Bovespa.
 
Na semana passada, analistas da Goldman Sachs reduziram as perspectivas de resultados para os bancos brasileiros pela segunda vez no ano em função da queda dos juros e da expectativa de aumento da inadimplência.
 
“Foi um ano marcado por fortes mudanças no cenário econômico, em que os ativos se desvalorizaram, os investimentos encolheram e o faturamento diminuiu. A crise se alastrou em uma velocidade nunca antes vista”, afirmou o presidente Márcio Cypriano, que passa o comando do banco a Luís Carlos Trabuco Cappi, em 10 de março.
 
Cypriano prevê que este ano será igualmente desafiador, diante da desaceleração econômica e da redução da demanda por crédito.
 
O aspecto positivo do balanço do Bradesco em 2008 foi o aumento da carteira de crédito em um percentual superior à média do mercado. Incluindo avais, fianças, valores a receber de cartões e compras de carteira, o total de operações de crédito do Bradesco cresceu 9,2% no trimestre e 33,4% em um ano, para R$ 215,3 bilhões. O mercado registrou aumento do crédito total de 6,5% no trimestre e de 31,1% no ano. Só em compra de carteira de crédito o Bradesco acumulou R$ 4,642 bilhões.
 
“Novos tomadores de crédito representaram 50% do crescimento, o equivalente a R$ 27 bilhões”, disse o vice-presidente de controladoria, Milton Vargas.
 
O crescimento foi puxado pelos negócios com grandes empresas, que voltaram-se para os bancos brasileiros diante das dificuldades de captação no mercado internacional, explicou Cypriano. Esse segmento é o que mais deve crescer neste ano. A carteira de crédito para pessoa jurídica como um todo teve crescimento de 38,6% em 2008 sendo 11,2% apenas no quarto trimestre, terminando o ano em R$ 141,577 bilhões.
 
Somente a carteira de grandes empresas cresceu 43,2% no ano e 15,3% no quarto trimestre para R$ 83,243 bilhões. Já na linha das pequenas e médias, o crescimento foi de 32,6% no ano e 5,9% no trimestre para R$ 58,061 bilhões. Os destaques foram as operações de capital de giro (76,2 % no ano e 17,5% no trimestre) e financiamento a exportação (75,6% no ano e 31,6% no trimestre).
 
Já a carteira de pessoa física cresceu 24,4% no ano e 5,4% no quarto trimestre para R$ 73,768 bilhões, com destaque para o crescimento do leasing (247,4% em doze meses e 10,3% no quarto trimestre), representando 15,6% da carteira total de pessoas físicas, cuja importância cresceu como instrumento de financiamento de veículos novos.
 
O índice de inadimplência do Bradesco subiu. As operações com atraso acima de 90 dias atingiram 6,6%, com aumento de 0,1 ponto percentual. A deterioração maior foi nos negócios com pequena e média empresas, em que o percentual subiu de 2,4% para 2,7%; e de pessoas físicas, em que passou de 6,4% para 6,7%.
 
Por isso, o Bradesco reforçou as provisões. No último trimestre do ano, fez uma provisão adicional de R$ 597 milhões, somando no quarto trimestre despesas de R$ 2,559 bilhões e de R$ 7,884 bilhões. O saldo de provisões para devedores duvidosos do banco é de R$ 10,263 bilhões, com um excedente de R$ 3,2 bilhões acima do requerido.
 
A margem financeira ajustada totalizou R$ 6,672 milhões, com crescimento de 5,3% no trimestre e de 15,0% em doze meses, em função de um aumento dos spreads, apesar de as operações com grandes empresas, terem as menores taxas. Cypriano disse porém que o spread líquido do Bradesco é de apenas 6,26% líquidos, após provisões.
 
A receita de prestação de serviços cresceu 3,8% sobre 2007 para R$ 11,2 bilhões, com as novas regras de tarifas bancárias.
 

Veículo: Valor Economico