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GM revê para baixo produção e vendas

O enfraquecimento da curva de crescimento nas vendas de veículos em agosto levou a direção da General Motors a reduzir projeções de produção e de vendas de toda a indústria automobilística em 2008. O último prognóstico da Anfavea, a associação que representa o setor, indicava uma produção de 3,425 milhões de veículos e a venda no mercado doméstico de 3,06 milhões até dezembro. Ontem, durante uma palestra para executivos do setor, Jaime Ardila, presidente da General Motors do Brasil, anunciou que os novos cálculos da montadora indicam uma produção de 3,3 milhões e vendas de 3,03 milhões de unidades no país em 2008.

“Estamos mais conservadores em razão dos resultados de agosto”, disse o executivo, durante o seminário sobre tendências, promovido pela Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE). Depois de avançar mais de 30% no primeiro semestre, as vendas de agosto mostraram um crescimento mais tímido em comparação com o mesmo mês do ano passado, de 4,05%. Toda a indústria já esperava índices menores, principalmente porque a base de comparação, na segunda metade de 2007, cresceu em relação ao primeiro semestre.

Mas o que preocupa dirigentes do setor, neste momento, é que a inflação em itens como gêneros alimentícios começa a afastar as famílias com orçamento mais apertado dos produtos de maior valor agregado, como é o automóvel. Técnicos da indústria começam a alertar os dirigentes para as dificuldades que parte da população começa a ter nos financiamentos. Segundo a área técnica, as instituições financeiras estão hoje mais seletivas na concessão de crédito e em planos de leasing.

As vendas de agosto no mercado interno somaram 244,8 mil veículos. Na comparação com julho – mês em que a indústria automobilística alcançou o maior volume de vendas da história -, houve um recuo próximo de 15%. O índice de crescimento menor no mês passado já provocou impacto percentual acumulado: o avanço no mercado doméstico saiu do índice de 30% até julho para 26,39% no acumulado do ano. Os volumes de produção serão anunciados pelos fabricantes na quinta-feira.

Para Ardila, o mercado brasileiro de veículos continuará crescendo. Mas num ritmo menor. Para ele, passado 2008, o setor entrará agora em um ritmo de crescimento anual em torno de 3% a 5%. Ainda que em ritmo de expansão, qualquer alteração na curva de crescimento do mercado brasileiro passou a ser um sinal de alerta nas montadoras americanas, que começaram a depositar nos países emergentes todas as esperanças de compensar os prejuízos e queda de vendas nos Estados Unidos.

Sétimo maior produtor de veículos do mundo, o Brasil é o terceiro maior mercado para a General Motors (atrás dos EUA e China). As vendas fora da América do Norte, lembrou Ardila ontem, já somam 60% das vendas globais da montadora americana. A matriz enfrenta há alguns anos quedas sucessivas de vendas e redução de participação no mercado no seu país de origem.

Na semana passada, a Bloomberg divulgou a informação de que a montadora lançou outro programa de demissão voluntária nos EUA, dessa vez com o objetivo de reduzir em 9 mil funcionários, ou 28%, o quadro de empregados. As economias com funcionários administrativos são parte do plano da GM de aumentar a liquidez em US$ 15 bilhões até o fim de 2009. A GM tem 32.000 funcionários do setor administrativo nos EUA.

A General Motors se prepara para elevar a produção anual das quatro fábricas da América do Sul – três no Brasil e uma na Argentina – do volume total de 800 mil unidades, previsto para este ano, para 1 milhão em 2012. O mercado interno continuará a dar toda a sustentação às vendas. Ardila alertou para a tendência do aumento das importações nos próximos anos, estimulado pela desvalorização do dólar. Ainda assim, o executivo calcula que já em 2010 o Brasil sairá do sétimo para o quinto lugar entre os maiores produtores de veículos do mundo.

Veículo: Valor Econômico 1° Caderno 2/9/08 Estado: SP