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Fundos perdem R$ 20 bi e certificado dá salto

O setor de fundos de investimento teve captação líquida negativa de R$ 20 bilhões em julho deste ano, elevando para R$ 10 bilhões o desempenho negativo do acumulado de 2008. Relatório divulgado pela Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) mostrou que, em 2007, a diferença entre aplicações e resgates havia ficado positiva em R$ 5,15 bilhões no mês e em R$ 59 bilhões no ano. Ao mesmo tempo, os Certificados de Depósito Bancário (CDB) crescem significativamente no ano. Conforme dados do Balcão Organizado de Ativos e Derivativos (Cetip), o estoque de negociações de CDB tiveram aumento de quase 6,10% entre junho e julho, saltando de R$ 495,4 bilhões para R$ 525,6 bilhões. Tomando como base janeiro, quando esse saldo era de R$ 372 bilhões, o aumento foi de 41,29%.

Os fundos de renda fixa, por exemplo, que normalmente são o alvo de investidores em um momento de volatilidade do mercado, figuraram como as aplicações que tiveram o pior resultado durante o mês: foram 43,5 bilhões em aplicações e R$ 51,7 bilhões em saques, gerando um saldo negativo de R$ 8,2 bilhões. No ano, a modalidade acumula perda de R$ 18,8 bilhões.

“Com algumas restrições a respeito de funding de bancos, e como eles sentem um forte aumento na carteira de crédito, essas instituições vieram fazer sua captação através do CDB”, explicou Fábio Garcez, economista da FMD Assessoria de Investimentos. Vale lembrar que resolução publicada pelo Banco Central no início do ano aumentou o compulsório sobre o leasing cobrado entre operações interbancárias. De acordo com a determinação, até 9 de maio último, a alíquota sobre o saldo era zero, atingindo 5% naquela data. Em 11 de julho, a proporção foi majorada para 10%, devendo atingir 15% (12 de setembro de 2008), 20% (14 de novembro de 2008) e 25% (16 de janeiro de 2009). Com isso, cerca de R$ 40 bilhões sairão de circulação este ano. Pelo fato de, até então, não haver incidência do compulsório nessas operações de leasing, havia uma troca entre instituições para que os valores fossem emprestados. O CDB, portanto, foi uma saída para a captação, como forma de alimentar o crédito, que, em junho, atingiu saldo de R$ 1,067 trilhão, com expansão de 2,1% no mês e de 33,4% em 12 meses.

Para conquistar esses aplicadores, a modalidade precisou tornar-se mais atrativa. “A taxa do CDB ficou mais atraente do que os próprios fundos, que têm outros custos, como a taxa de administração”, afirmou Garcez. A base de dados da Cetip mostra que, em janeiro, a média de juros pagos pelo CDB com duração de 30 dias, por exemplo, era de 10,31% ao ano, passando para 11,69% em julho. Segundo dados da Anbid, até o último 4 de agosto, os fundos de renda fixa acumulavam, pela média, rendimento positivo no ano de 7,26%.

Segundo o economista, outras alternativas a esses investidores foram títulos como a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) e outras modalidades ligadas ao agribusiness que também acabaram por apresentar taxas mais atraentes aos investidores.

 

Veículo: DCI Finanças 11/8/08 Estado: SP