A mais recente pesquisa de projeções de mercado da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), realizada com 33 instituições financeiras entre os dias 19 e 20 de março, revisou para baixo as expectativas para os principais indicadores da economia e a estimativa de crescimento da carteira de crédito este ano. As operações de crédito do sistema financeiro deverão encerrar 2009 com alta de 14,2%, ante a projeção de elevação de 16,2% da pesquisa anterior, elaborada em janeiro. O crescimento do PIB brasileiro é estimado em 0,3%, bem menor que o projetado anteriormente, de 1,9%. Já a inadimplência poderá ser a maior desde 2000, girando em torno de 5,4% sobre o total da carteira, ante a avaliação de janeiro, que apontava 4,9%.
Rubens Sardenberg, economista-chefe da Febraban, observou que, apesar da piora em todos os índices e considerando o cenário mundial, o crescimento esperado para o crédito ainda é bastante positivo. Para 2010, a pesquisa aponta expansão de 16,7% no estoque total de crédito. O novo estudo mostra redução de 16% para 14,7% nas estimativas de aumento das operações de crédito com recursos livres, que poderão crescer 17,7% em 2010. Para a carteira de pessoas físicas, as projeções passaram de 15,9% para 13,9% em 2009, ficando em 15,4% no próximo ano. O crescimento desse estoque, afirmou Sardenberg, será sustentado mais pelo crédito pessoal (incluindo consignado), com declínio menor em comparação à carteira de financiamento a veículos (incluindo leasing). A expectativa passou de 16,8% para 15,7% e de 14,6% a 12,5%, respectivamente.
A estimativa de crescimento das operações de crédito para pessoas jurídicas também foi bastante reduzida, de 19,1% para 15,8% na última avaliação, ficando em 19,7% em 2010. “Antes havia uma expectativa de que a economia brasileira sofreria menos com a crise. Agora, o novo indicador mostra um impacto maior.” O economista explica que, além de estar mais seletivo, o setor tem observado também um arrefecimento na demanda por crédito.
Se confirmado o nível de inadimplência projetado, ele será o maior da série do Banco Central (BC), iniciada em 2000, quando foi apurado 5,6%. Para Sardenberg, é esperada uma deterioração da qualidade do crédito em consequência de um maior aumento do desemprego e da redução da renda.
Os impactos da crise financeira mundial na economia real brasileira poderão levar o País a uma recessão técnica (dois trimestres de queda no PIB), bem como a um PIB negativo este ano, disse Sardenberg, que, no entanto, acredita mais em estabilização do patamar atual do que em queda maior da atividade econômica.. “O Brasil está sendo muito impactado pelos ajustes de curto de prazo, que foram muito rápidos, mas a economia tem condições de reagir também rapidamente a partir de uma indicação de melhora do cenário internacional, principalmente, da economia norte-americana. A estimativa para o PIB em 2010 é de alta de 3,2%. Já a Selic encerra 2009 e 2010 em 9,25%.
Veículo: Gazeta Mercantil