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Empresas contribuem por meio de subsidiárias

Se o investidor quiser saber quanto a empresa da qual possui ações doou nessa campanha eleitoral, após os dados oficiais serem divulgados, é bom ter um organograma societário do grupo para consultar essas informações. Não bastasse a dificuldade de entender o destino final dos recursos com base na prestação de contas disponível no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nem sempre as doações são feitas pela empresa mais famosa do grupo.

O nome da Vale, por exemplo, não aparece na lista de doadores à Presidência em 2006. O investidor vai encontrar Minerações Brasileiras Reunidas (MBR) e Caemi Mineração e Metalurgia, duas das subsidiárias da companhia, a segunda mais importante da bolsa paulista. O Bradesco também não fez as doações diretamente, mas por meio dos bancos Alvorada e do Mercantil de São Paulo.
 
O grupo Votorantim doou por diversas empresas do conglomerado. Para a campanha de Lula, os veículos usados foram a Votorantim Finanças e a controlada BV Leasing, as duas com registro de companhia aberta. Para o tucano Geraldo Alckmin, apenas a Votorantim Celulose e Papel (VCP) doou entre as companhias abertas do grupo. A maior parte dos recursos ao candidato do PSDB foi repassada por uma empresa fechada, a Ibar Administração e Participação, que doou R$ 2,6 milhões, mas não entrou no levantamento.
 
Para harmonizar os procedimentos de todas as unidades, o grupo Votorantim definiu regras de governança aplicáveis ao tema político, consolidadas no Manual de Conduta para Processos Eleitorais. Recentemente atualizado, o documento é enviado a todas as unidades do conglomerado.
 
Outra dificuldade do investidor que busca dados sobre doações é encontrar o caminho do dinheiro. Isso porque as contribuições são feitas em várias parcelas, para contas distintas, via diversos Estados.
 
O site do TSE permite que se consulte doações para o candidato, para a campanha presidencial e também por comitês de campanha. Mas o problema é que existe uma triangulação entre as doações. O dinheiro que uma empresa doa ao “Comitê Financeiro Único” (que está longe de ser o único) e é repassado à campanha presidencial, por exemplo, fica sem identificação do doador quando se consulta apenas essa última lista.
 
No levantamento do jornal, foram consideradas as doações feitas tanto para o Comitê Financeiro Nacional à campanha presidencial como para o Comitê Financeiro Único nos 26 Estados e no Distrito Federal. Entraram no estudo apenas para os partidos cujos candidatos foram cabeça de chapa em 2006, PT e PSDB. As doações para as demais siglas das coligações não foram computadas.
 
Pela dificuldade com os nomes, aparecem na lista apenas empresas que foram identificadas como companhias abertas, ou subsidiárias de abertas que sejam consolidadas nos balanços divulgados ao mercado. Algumas empresas da lista ainda não eram abertas em 2006, quando doaram recursos. Mas certamente serão procuradas novamente pelos partidos neste ano e, por isso, entraram na conta.
 
Algumas doações podem não aparecer no estudo caso tenham sido feitas por outros comitês financeiros (não diretamente destinados à campanha presidencial) ou para diretórios regionais ou nacionais dos partidos, que ficam sem identificação na prestação de contas disponível no TSE.

Veículo: Valor 19/08/2010