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Emissões minguam e alcançam apenas R$ 7,9 bi no trimestre

O mercado de capitais, que andou em ritmo frenético entre os anos de 2004 e 2008, atravessou em passo de tartaruga esse primeiro trimestre de 2009. Foram apenas R$ 7,9 bilhões em ofertas registradas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) entre janeiro e março em todos os instrumentos de captação disponíveis.

Diante do movimento que vinha sendo visto nos últimos anos, o volume é considerado bastante modesto.
 
Mesmo no último trimestre do ano passado, com a crise internacional já agravada, as emissões somaram R$ 18,9 bilhões, graças a um movimento recorde nas captações por meio de notas promissórias.
 
No primeiro trimestre do ano passado, o montante foi de cerca de R$ 12,6 bilhões, mas isso se desconsideradas as enormes operações de leasing feitas naquele período, que somaram aproximadamente R$ 31 bilhões na época.
 
As perspectivas para os próximos meses podem não ser extremamente animadoras, mas num ano de incerteza e crise já são vistas com simpatia.
 
Embora estejam em análise apenas R$ 3,8 bilhões, com os juros em queda, existem expectativas de que as emissões de dívida, como debêntures e notas promissórias, comecem a retornar ao mercado.
 
A expectativa é a de que as Notas Promissórias (NPs), que são mais usadas em momentos de crise por serem papéis de prazo menor, devem ainda ser fortes esse ano. Também algumas ofertas de debêntures começam a surgir.
 
O superintendente de registros da CVM, Felipe Claret, observa que há cerca de uma semana entraram seis pedidos de ofertas de notas promissórias simultaneamente. “Esse pode ser um sinal de que essas captações estão voltando”, afirma Claret.
 
Segundo ele, os intermediários vêm observando consultas para operações nesses segmentos de dívida. “Após uma rodada de operações com NPs pode ser que ocorra também um movimento de emissão de debêntures na sequência, para alongar a dívida”, cogita.
 
Ele admite que, de fato, o movimento de registros está bem mais lento esse ano, em função da crise. Para o diretor da Comissão de Valores Mobiliários, no fim do ano passado ainda havia rescaldos de operações que já estavam programadas, mas no início deste ano as companhias parecem ter feito uma parada para analisar melhor o cenário. Com a queda no movimento dos registros, o superintendente diz que a área está aproveitando para focar no andamento dos processos administrativos, que investigam irregularidades.
 
A superintendente da área técnica da Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima), Valéria Arêas Coelho, acredita que há sinais de que as operações de debêntures estão começando a ser retomadas. “Já estamos vendo surgir algumas operações relevantes”. Recentemente, empresas como Oi e MMX anunciaram operações grandes de captação com debêntures. “Com o juro fechando, o custo começa a ficar mais atrativo para as empresas”, disse Valéria.
 
Ela observa que além das que estão registradas na CVM há ainda ofertas dispensadas de registro ou com esforços restritos. Nessa última modalidade a CVM já recebeu avisos de duas ofertas de NPs, que somam R$ 400 milhões, e mais um CRI, de R$ 6,85 milhões. Já as dispensas de registro somaram R$ 1,1 bilhão no trimestre.
 
Valéria lembrou ainda que os últimos anos foram muito intensos e que em 2009 será preciso de fato ter expectativas um pouco menores. “É um momento de muitas incertezas e volatilidades, é natural se não houver um movimento tão intenso, mas já estamos vendo que há alguma atividade no mercado”, disse ela.
 
Outras operações que não sofreram tanta retração como se poderia imaginar foram fundos de participações (FIPs)e os fundos de recebíveis ou direitos creditórios (FIDCs), que ainda demonstraram algum fôlego nesse início de ano. Ainda que as operações com recebíveis e securitização estejam no centro da polêmica internacional, no Brasil as estruturas não sofreram, por serem usadas de uma forma diferente e serem mais reguladas.
 
“Os FIDCs já fazem praticamente parte da rotina de várias empresas, que passaram a usar esse mecanismo”, observa Claret, da CVM. Muitas vezes esses fundos, lastreados com recebíveis, funcionam como espécie de garantia para obter um montante de recursos.
 
Embora a maior emissão do trimestre tenha sido justamente uma oferta de ações, a da Redecard, os especialistas não acreditam numa retomada consistente desse mercado.
 
“Talvez para uma ou outra empresa mais estabelecida, mas para estreantes, acho muito difícil”, avalia um gestor de recursos.
 
Além disso, a oferta da Redecard acabou ocorrendo num momento de chamado “rali”, uma alta momentânea, que beneficiou a operação. Para frente, a volatilidade continua sendo esperada.
  
   

Veículo: Valor Econômico