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Desaceleração da economia será lenta e pouco intensa

Os efeitos sobre o nível de atividade das “pílulas” distribuídas pela área econômica do governo para desaquecer a economia ainda não apareceram na produção e nas vendas no varejo. E quando aparecer, na previsão de economistas, será de forma mais suave e mais lenta que no ciclo de desaceleração anterior, a partir de setembro de 2004, quando o Banco Central deu início a um aperto monetário. As razões da mudança é que agora os investimentos são mais expressivos e os empregos gerados, de melhor qualidade.

Em 2003 e 2004, a taxa de investimento variou entre 15,5% e 16% do Produto Interno Bruto e este ano, no primeiro semestre, ficou em torno de 18,5%. Caio Prates, coordenador do grupo de conjuntura da UFRJ, observa que o nível real de juros está bem mais baixo no atual ciclo de crescimento – medindo-se a taxa real pela comparação do juro privado de um ano (o swap de 360 dias) e as expectativas de inflação para os próximos 12 meses. “No auge do ciclo de alta de juros de 2004 e 2005 essa taxa chegou à casa dos 13%. Desta vez está abaixo de 9%”.

Além do custo menor, também favorecido pelas captações externas das empresas, os investimentos estão concentrados em projetos de longo prazo em infra-estrutura, siderurgia e construção civil, e que não serão descontinuados por fatores conjunturais, diz Paulo Pereira Miguel, da Quest Investimentos.

Outra razão é que o emprego, que cresce fortemente, é formal. Isso significa que na hipótese de os índices de desemprego subirem, boa parte dos demitidos não se verá sem renda de uma hora para outra, dadas as indenizações a que têm direito.

Segundo o IBGE, de 2004 até junho deste ano o percentual de empregados com carteira assinada passou de 44,1% para 48,6% do total da população ocupada nas regiões metropolitanas. Em todo o país, existem hoje 5,8 milhões de postos de trabalho formais a mais, segundo o Ministério do Trabalho.

A última medida do governo para frear o consumo – a cobrança de 3,38% de IOF nas operações de leasing – terá efeito nulo sobre a demanda, avalia Rafael Cardoso, da Associação Brasileira das Empresas de Leasing. “O que o tomador olha é se a prestação cabe no bolso”. Em um financiamento de R$ 25 mil, por exemplo, o aumento seria de cerca de R$ 800, diluído em até 60 parcelas.

Veículo: Valor Econômico 1° Caderno 18/8/08 Estado: SP