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O colunista do jornal Monitor Mercantil, Sérgio Motta, destaca que nos dias de hoje, o Brasil não dispõe sequer de um navio porta-contêineres nas rotas internacionais – apenas na cabotagem, entre portos brasileiros. Com isso, 100% da exportação e importação movimentados em contêineres são levados e trazidos por embarcações estrangeiras. O empresário Washington Barbeito, presidente da Transroll Navegação, quer provocar mudança nessa equação, com a volta dos porta-contêineres brasileiros para os mares do mundo. A Transroll chegou a ter 20 navios e foi líder no transporte para a Europa, com participação importante na linha para os Estados Unidos.
Barbeito afasta a hipótese de subsídios, por saber que isso torna as empresas dependentes do governo. Propõe duas medidas: mudanças na lei, para que os navios brasileiros possam ter custos similares aos internacionais, como seus concorrentes; e, no financiamento, a adoção do leasing (aluguel com opção de compra). Graças ao leasing, já usado com sucesso na aviação, em caso de inadimplência, o Fundo de Marinha Mercante retiraria o navio de um operador e o entregaria a outro, sem traumas nem ações de retomada na justiça.
Explica Barbeito ao colunista do Monitor Mercantil que a operação de navios porta-contêineres seria viável com uma frota inicial de 12 navios, atuando para Estados Unidos e Europa, sendo operados seja por uma empresa brasileira ou por diversas, isoladamente ou em consórcio. Destaca que, em granéis, como soja e minério, vigora o sistema de contratos de longo prazo e, em contêineres, a operação é como a de sistema de ônibus, de modo que cada navio, ao chegar a um porto, consegue receber carga dos interessados, sem a necessidade de contratos de longo prazo.
Ao governo, Barbeito, em favor de sua tese, nada pede, exceto boa vontade para impor as necessárias mudanças. Mas cita que, todo ano, o Brasil tem déficit em conta corrente que, este ano, deverá atingir US$ 70 bilhões. Lembra que, como o comércio exterior cresceu muito nos últimos anos, o déficit de fretes se aproxima de US$ 20 bilhões e já seria hora de se atuar para reduzir esse déficit e conclui: “O Brasil não pode ser a única potência emergente a não contar com navios porta-contêineres nos portos do mundo”.
Veículo: Monitor Mercantil, coluna de Sérgio Motta – edição de 12/06/2013