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Crise gera oportunidades no Brasil para o Société Générale

A forte consolidação do setor, em âmbito mundial e no mercado local, e o enfraquecimento – até mesmo a derrocada – de centenárias instituições multinacionais estão abrindo oportunidades para os bancos que conseguiram manter a saúde financeira nesses tempos de crise. Essa é a opinião de François Dossa, presidente no Brasil da instituição financeira francesa Société Générale Group, uma das maiores do mercado europeu e que no País controla também os bancos Cacique e Pecúnia, entre outras companhias. O executivo vê um cenário de oportunidades ainda mais fértil no Brasil, já que as estimativas são de crescimento para o País, enquanto Europa e Estados Unidos submergem em recessão.

Dossa, que tem dupla nacionalidade – francesa e brasileira -, diz que o ano será de expansão, de consolidação e de busca de sinergias entre os diversos negócios da subsidiária, sob seu comando há sete anos. Na área de financiamento a projetos de infraestrutura e de operações de comércio exterior, por exemplo, a previsão é evolução da carteira entre 10% e 15% em 2009, hoje próxima de US$ 2 bilhões. “É um crescimento expressivo para um ano de crise”, observa, ressaltando que a expectativa fica mais robusta ainda quando se considera que um terço do estoque vencerá em 2009.
 
Especializado em financiamentos estruturados, a estratégia do Société para alcançar esse crescimento é a de buscar participação nos projetos mais relevantes, que são muitos, diz. “No Brasil, pelo seu tamanho, os projetos são gigantes e não vejo a coisa não acontecer por conta da crise. É claro que o nível será revisto, o investimento pode diminuir, mas na Europa e Estados Unidos será zero”, afirma, lembrando que as projeções indicam 0,5% de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) mundial, enquanto para o País ficam entre 1,5% e 2%.
 
Dossa ressalta que projetos de infraestrutura são longos, de alto investimento e, por isso, menos expostos à crise. Diz ainda que o volume recorde de entrada de investimento externo no País em 2008, de US$ 45 bilhões, endossa seu otimismo, bem como o reforço de R$ 100 bilhões, até 2010, injetados pelo governo no caixa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para empréstimos a empresas. Os exemplos são muitos, prossegue, como os investimentos bilionários recém-anunciados pela Petrobras, que é cliente do banco. “O governo brasileiro tem armas que outros não têm, como o próprio PAC”, assegura o executivo, que se diz um admirador da administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
 
O banco, que coordena o projeto de financiamento da linha quatro do Metrô paulista, por exemplo, iniciou o ano bem. Está no financiamento do projeto na área de defesa dos governos francês e brasileiro, que prevê a compra de 50 helicópteros e quatro submarinos, em valor em torno € 6 bilhões, por 15 anos. O acordo, assinado em dezembro e que inclui transferência de tecnologia entre os países, pode abrir uma temporada de efervescência nos negócios entre brasileiros e franceses, em âmbito público e privado, por ser este o ano da França no Brasil. O que deve gerar oportunidades que o Société não perderá, afirma.
 
O Société tem recursos para isso. Já informou que o lucro de 2008 atingiu € 2 bilhões. “O que o coloca numa posição interessante ante outros que estão perdendo.” As perdas com a crise fizeram muitas instituições que operam no financiamento a projetos de infraestrutura desaparecerem desse mercado, particularmente bancos norte-americanos, holandeses e alemães. Estão na disputa franceses, espanhóis, japoneses e alguns brasileiros, basicamente, diz. “No passado, tinha um pouco de disputa. Hoje, quem tem recursos pode escolher e a dificuldade é formar sindicato.” Funding não falta para o banco, mas o dinheiro, confirma, está mais caro para o tomador porque o custo de captação é maior e o risco de emprestar também. “Com a queda da Libor, a alta é compensada.”
 
Com caixa farto, o Société pretende ainda expandir suas financeiras voltadas para o varejo. Dono de 100% do banco Cacique, adquirido em 2007 por R$ 830 milhões, e de 70% do Pecúnia, comprado em 2006, a previsão é de expansão da carteira desses bancos entre 20% e 25% este ano, bem acima da expectativa que Dossa tem para o mercado de crédito brasileiro, de 10% a 15%. “O momento é bom para ganhar market share.” O plano de dobrar em quatro anos o tamanho do Cacique, especializado em crédito direto ao consumidor e consignado, continua, mesmo com a crise. Na área de leasing e financiamento de equipamentos industriais, em que começou a atuar no final de 2008 no Brasil, com a Société Générale Equipment Finance, há todo um mercado em crescimento no Brasil, diz.
 
A consolidação do setor no País também cria oportunidades de crescimento. “Quando dois bancos se juntam, não mantêm o mesmo volume de negócios que tinham separadamente e isso abre brechas.” Para Dossa, há espaço no Brasil para novas aquisições, mas o Société, que cresceu no Brasil principalmente por meio de compras, prefere esperar. “Os preços dos ativos vão cair ainda mais.”
 
Para este ano, a meta é buscar ganhos de sinergias nas diversas atividades. Entre os clientes do grupo estão conglomerados gigantes como Petrobras,
 
Vale e Gerdau. “Podemos financiar um projeto da Petrobras, por exemplo, e oferecer aos seus funcionários planos de consignado, ou mesmo leasing de equipamentos para a empresa”, explica Dossa. O plano está sendo desenhado, mas não está fechada ainda uma estimativa de ganhos.
 
 

Veículo: Gazeta Mercantil