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As operações de leasing (arrendamento) já sentem os efeitos da crise. Depois de registrarem taxas de expansão sempre acima dos 60% por vários meses, as operações tiveram queda de 34% em outubro quando comparadas com o mês anterior. Em relação a outubro de 2007, a queda foi de 15,5%. A expectativa é que novembro, com números ainda não contabilizados, tenha desempenho ainda pior.
Ao comentar os números, Rafael Cardoso, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Leasing (Abel), não poupou críticas à decisão do governo de taxar as operações do setor com o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), com alíquota de 3,38%.
Para ele, a medida é perversa especialmente num momento em que as operações já estão em queda por conta da paralização dos negócios com a crise. “Os pátios das montadoras estão cheios.” O leasing é uma das principais formas de financiamento de carros novos no país e representa cerca de 35% dos contratos.
A Medida Provisória que institui o IOF para o leasing foi publicada na semana passada e foi recebida com críticas por conta do momento ruim no mercado de crédito brasileiro e da falta de recursos para financiar empresas. Logo depois, o governo voltou atrás e disse que a tributação não terá efeito imediato e vai ficar para quando as condições econômicas melhorarem.
Na avaliação de Cardoso, mesmo que não tenha efeito já, o IOF não deixa de ser mais um imposto para o setor. “?? um aumento de carga tributária. ?? assim que se fomenta a indústria?”
Em outubro, as operações de leasing somaram R$ 5,5 bilhões, abaixo dos R$ 6,4 bilhões de igual mês de 2007. Em setembro, foram movimentados R$ 8,3 bilhões em novos negócios, expansão de 61,3% em relação a setembro de 2007. Era nessa média que o setor vinha crescendo no período pré-crise. “Até setembro, o mercado foi excelente. Depois desandou e, com o IOF, pode piorar ainda mais o setor”, diz Cardoso. No ano, até outubro, foram movimentados R$ 72 bilhões.
As operações de leasing, diz ele, vinham sendo muito procuradas porque são rápidas e dinâmicas. Os produtos que mais usam o leasing são automóveis, caminhões, máquinas e equipamentos. Por serem operações de arrendamento mercantil, não havia a incidência do IOF. O único tributo incidente é o Imposto sobre Serviços (ISS), com alíquota de 0,25%. Com o IOF, o objetivo da Receita Federal é equiparar o leasing às operações financeiras, que já pagam 3% do tributo. A taxação chegou a ser discutida no início do ano, quando o cenário econômico era outro e o mercado de empréstimos estava bastante aquecido.
O valor presente da carteira do setor de leasing chegou a R$ 109 bilhões em outubro, alta de 88% em 12 meses. Em relação a setembro, o aumento foi menor, de 1,6%, já com reflexo dos efeitos da crise. Do total da carteira, 84% são operações de veículos. O restante são máquinas e equipamentos.
Da carteira de veículos, as pessoas físicas respondem por 68% das operações e as pessoas jurídicas pelo restante. Segundo Cardoso, o recuo tem sido mais sentido nos negócios das pessoas físicas. “A crise traz uma queda de confiança nos consumidores, que passam a consumir menos”, diz ele.