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Crise afeta financiamento às exportações, diz Embraer

A crise na zona do euro está gerando um impacto importante sobre a capacidade de os bancos europeus financiarem as compras da indústria de aeronaves, disse o presidente da Embraer, Frederico Curado, em entrevista esta semana à Dow Jones. A Embraer é a quarta maior fabricante de aeronaves no mundo.

Curado disse que o financiamento às exportações enfrenta problemas desde a crise financeira de 2008. Mas agora, com as preocupações em torno da exposição dos bancos europeus, que são uma importante fonte de financiamento para as compras de aeronaves, “os mercados de capitais ainda estão muito fechados às transações de aeronaves”, segundo ele.
 
Com isso, as agências de crédito à exportação assumiram um papel muito importante, apontou Curado. Ele acrescentou que companhias de leasing terão um papel crescente no financiamento às transações de aeronaves nos próximos “vários anos”. Porém, sem os empréstimos dos bancos europeus, que tradicionalmente são os mais ativos no segmento, a demanda sobre as agências de crédito à exportação e companhias de leasing irá “sobrecarregá-las”, afirmou Curado.
 
O executivo, contudo, não vê uma “ruptura” ou uma importante interrupção no fluxo de acordos em geral. “O crédito está muito seletivo, o que não é necessariamente ruim, com as melhores companhias conseguindo termos mais favoráveis que aqueles com ratings (notas) de crédito mais baixos.”
 
Outro sintoma da crise da zona do euro, a extrema volatilidade nos mercados de moedas, afetou os resultados da companhia. No início do mês, a Embraer informou que registrou prejuízo líquido de R$ 200 mil no terceiro trimestre deste ano, ante lucro de R$ 219,9 milhões no mesmo período de 2010. “A volatilidade, quando é muito alta e muito rápida, cria distorções no sistema de contabilidade”, notou Curado. Mas o executivo disse que a folha de balanço da Embraer está bem protegida por hedge (seguro).
 
Com seu fluxo de caixa, a Embraer tem quase 30% de exposição ao real, enquanto 90% de sua renda e 60% a 70% de seus custos são denominados em dólar. “Portanto nós temos um hedge natural na maioria de nossas operações, e nos 30% restantes às vezes fazemos hedge, às vezes não. Depende as condições de hedge do mercado”, afirmou.
 
O real tem se apreciado ante o dólar ao longo dos últimos anos. A recente depreciação da moeda brasileira “é uma grande notícia para todos os exportadores” do País, disse Curado, “ainda que esteja bem abaixo do nível histórico de em torno de R$ 2,40 um dólar”. As informações são da Dow Jones.
 

Veículo: VEJA – 21/11/11