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Credores, gestores e a acionista Viviane Carolo aprovaram ontem o plano de recuperação da Companhia Albertina Mercantil e Industrial, de Sertãozinho (SP). Os credores com garantia real abriram mão de receber sua parte em dinheiro e liberaram suas garantias para que a empresa possa pagar os funcionários e parte da dívida dos credores menores, fazer a manutenção na indústria e rodar a safra a partir de julho. A Justiça de Sertãozinho ainda precisa homologar o acordo para que ele tenha validade.
“A única maneira de liquidar os créditos é começar a moer o mais rápido possível”, disse Fabiano Calil Colussi, diretor geral da Albertina, que tem dívidas de R$ 250 milhões (sem contar débitos fiscais) e está em recuperação judicial desde novembro do ano passado. Segundo ele, o mix de produção desta safra, de 1,1 milhão de toneladas, será 80% de açúcar e 20% de álcool.
Segundo o gestor interino, Marcelo Milliet, da consultora Intermixture, os principais credores com garantia real (os fundos Callao e HSH e a trading Multigrain) liberaram as garantias de 400 mil sacas de açúcar estocadas, avaliadas em R$ 16 milhões, e disponibilizaram, por duas safras, 70% da cana a ser processada e colhida, que lhes pe rtence como garantia. Era cana própria da Albertina em terras de terceiros.
Pelo acordo, foi criado um conselho informal composto pelos principais credores, que ajudarão na gestão da empresa por, no máximo, nos próximos 24 meses. Ainda pelo acordo, a Cia. Albertina pode ser vendida a qualquer momento. Caso não haja interessado dentro de 18 meses, haverá um leilão dos principais ativos (equipamentos industriais e agrícolas). Se o leilão não for bem-sucedido, outro poderá ser marcado seis meses depois. No caso de nada ser vendido, outra assembléia de credores será marcada.
Com o dinheiro do açúcar a companhia espera fazer a manutenção da usina, pagar R$ 1,5 milhão de dívidas trabalhistas, R$ 3 milhões em salários atrasados (em cinco parcelas de julho a novembro) e manter em dia os salários dos atuais 860 funcionários e outros 740 que precisarão ser contratados, principalmente para o corte de cana.
Os credores das categorias 2 (com garantia real) e 3 (quirográficos), receberão até R$ 20 mil cada, também em cinco parcelas (de julho a novembro). Os fornecedores “essenciais” de cana, receberão em 24 vezes a partir de setembro , “desde que continuem fornecendo”, disse Milliet. Embora em menor volume, já que a moagem será reduzida de 1,450 milhão em 2008 para 1,090 milhão em 2009.
Segundo Milliet, a dívida de R$ 250 milhões da Albertina está assim distribuída: classe 1, trabalhadores – R$ 4,5 milhões- ; classe 2, credores com garantia real – R$ 110 milhões -; e classe 3, sem garantia, fornecedores de cana e outros – R$ 68 milhões. O total dá R$ 182,5 milhões. Os restantes R$ 67,5 milhões, segundo Milliet, são representados por fundos, empresas de leasing e de Adiantamento de Contrato de Crédito (ACC) que estão fora da recuperação judicial, mas serão pagos, mesmo que em parte, caso a companhia seja vendida ou leiloada.
Há, ainda, uma dívida fiscal que pode chegar a R$ 120 milhões. Companhia fundada há 87 anos, a Albertina talvez viva seus piores dias. Mas, como disse o diretor geral Colussi, “o melhor é começar a moer o mais rápido possível”.
Veículo: Gazeta Mercantil