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As instituições financeiras voltaram a apostar no financiamento de veículos como um dos carros chefes para a expansão do crédito. Com a redução da inadimplência e a melhora nos indicadores de desemprego, os bancos estão mais confortáveis para oferecer prazos maiores e reduzir as exigências nessa modalidade de empréstimo.
Essas facilidades devem compensar parcialmente a volta do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) integral para veículos, que passou a vigorar no dia 1º de abril. Apesar da volta do tributo, a expectativa é de crescimento nas vendas de veículos em 2010.
Após amargar uma queda de 2,8% no financiamento de veículos em 2009, o Bradesco espera que essa carteira tenha um crescimento neste ano entre 10% e 14%. O diretor executivo do banco, Milton Pelegrino, lembra que a instituição tem uma forte penetração entre as classes C e D, que têm puxado o aumento do consumo no Brasil.
Para atender a esse público que deseja comprar o seu veículo, a instituição irá priorizar as operações na Bradesco Financiamentos (ex-Finasa), que trabalha com prazos de até 80 meses. No entanto, segundo o executivo, o prazo médio da carteira está entre 39 e 40 meses. “A quantidade de contratos com o período máximo de 80 meses é quase insignificante”, diz.
O prazo máximo de 80 meses voltou a ser adotado em maio pelo Bradesco, mesmo período em que outras instituições alongaram a quantidade máxima de parcelas em seus financiamentos de veículos No entanto, só nos últimos meses o prazo médio dos contratos começou de fato a ficar mais longo. Enquanto no ano passado estava em torno de 38 meses, agora já chega a 43 meses, e a tendência é de um aumento maior ao longo de 2010, segundo a Associação Nacional das Empresas Financeiras de Montadoras (Anef).
Em um cenário de maior competição entre os bancos, Pelegrino não espera que sejam feitas alterações nas taxas de juros, mesmo com a expectativa de aumento da taxa Selic nos próximos meses. As taxas do Bradesco variam entre 1,20% ao mês e 2,20% ao mês. “Não vamos mexer por hora na taxas. Estamos trabalhando dentro da mediana do mercado.”
Enquanto o Bradesco irá trabalhar por meio de sua financeira, no Banco do Brasil (BB) o crescimento da carteira de financiamento de veículos ficará centrado na atual base de correntistas enquanto não ocorre a conclusão das sinergias com o Banco Votorantim, no qual o BB possui participação de 50%.
De acordo com o gerente executivo de Empréstimos e Financiamentos do banco federal, Alexandre Luis dos Santos, o financiamento de automóveis deverá apresentar um crescimento próximo ao esperado para o conjunto das operações para pessoa física, que neste ano deve ficar entre 27% e 32%.
Para conquistar mais negócios nessa área, o banco federal espera oferecer aos seus correntistas juros mais competitivos. De acordo com Santos, a taxa mínima é de 1,15% ao mês e varia em função do plano de financiamento. A instituição financia veículos com até dez anos de uso e com prazos de até 72 meses. No BB, a maior parte dos empréstimos nessa modalidade está concentrado na faixa de prazo entre 40 e 42 meses.
Menos calotes reduzem as taxas
Oferecer taxas mais baixas só tem sido possível por conta da redução nos índices de inadimplência. O dado consolidado da Anef aponta que nessa modalidade de crédito os atrasos superiores a 90 dias em fevereiro eram equivalentes a 4,2% no crédito direto ao consumidor (CDC), uma melhora de 0,7 ponto porcentual em relação ao registrado em igual mês do ano passado.
A melhora nos índices de empregabilidade da população contribui para redução do conservadorismo dos bancos na concessão de financiamentos de maior prazo. De acordo com dados do IBGE, o desemprego nas regiões metropolitanas (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre) em fevereiro ficou em 7,4%, ante 8,5% em igual mês do ano passado. Esse é o menor patamar para um mês de fevereiro. Na mesma base de comparação, a renda média real dos trabalhadores subiu 0,9%.
O aquecimento do setor também anima os bancos de menor porte. O Panamericano, que no final do ano passado vendeu parte de seu capital para a Caixa Econômica Federal, vê a retomada do crescimento dessa carteira em 2010. Para recuperar a participação de mercado perdida durante a crise financeira, iniciou com as revendas parceiras a campanha “Acelera Brasil” e tem adotado condições de financiamento diferenciadas para públicos específicos, como o crédito para a compra de caminhões. A instituição não revelou qual a projeção de crescimento da carteira para este ano.
No total, o crédito para financiamento de veículos deverá crescer neste ano entre 10% e 15%, de acordo com projeção da Anef. O presidente da associação, Luis Montenegro, acredita que as atuais condições oferecidas por bancos e financeiras elevarão a participação do financiamento na compra de veículos.
No ano passado, os parcelamentos (leasing mais CDC) responderam por 56% do mercado de venda de automóveis. Já o pagamento à vista apresentou uma participação de 39% e os consórcios, 5%. Montenegro espera que ocorra um aumento das compras financiadas e uma queda dos pagamentos à vista.
Veículo: Tribuna do Norte 13/04/2010