,
Loading...

Notícias

Crédito com ritmo de aumento menor

Não se pode negar o papel da expansão do crédito na melhoria da conjuntura econômica: as operações de crédito representavam 34,2% do PIB, em dezembro de 2007; 41,3%, um ano mais tarde; e devem chegar a cerca de 47% no final de 2009. A previsão para o final de 2010 é, hoje, de 53% do PIB, que poderá crescer 5% ou 6%.

Trata-se de uma expansão de R$ 330/380 bilhões, enquanto, em outubro de 2009, o crédito apresentava aumento de R$ 182 bilhões em 12 meses. Essa comparação permite perceber a velocidade da expansão do crédito, mas também os problemas que isso pode trazer.
 
Não há dúvida de que há alguns anos a proporção do crédito em relação ao PIB era insignificante e estava bem abaixo da de outros países. Sem ter como referência países com distribuição de renda muito diferente da nossa – caso dos EUA ou da França, onde a relação crédito/PIB no momento da eclosão da crise era, respectivamente, de 187% e de 103% -, verificamos que países como Chile e Índia apresentam relação bem maior que a nossa: respectivamente, de 74% e de 78%. Entre os vizinhos com estrutura social próxima da nossa, só o México e a Argentina têm posição pior: respectivamente, 33% e 12%.
 
O saldo dos últimos meses se justificou pela subida de muitos brasileiros para o nível da classe média, em razão dos aumentos de salários do funcionalismo público, ao mesmo tempo que um contingente da população saía da classe mais pobre com a elevação do salário mínimo. A implantação de novas formas de crédito (leasing, crédito consignado) permitiu ampliar as operações de financiamentos, ao mesmo tempo que o crédito imobiliário começou a se desenvolver.
 
Esses fatores, a partir do próximo ano, perderão sua intensidade e a demanda de crédito vai depender de uma redução da taxa de juro que será, na melhor das hipóteses, muito limitada, no caso das pessoas jurídicas. E, no caso das pessoas físicas, dependerá da evolução da renda pessoal, que se verificará somente por meio de uma melhoria do emprego.
 
Convém, todavia, levar em conta o crescimento do endividamento, que deverá se acentuar na medida em que o crédito imobiliário aumentar. Nesse quadro, podemos prever um aumento da inadimplência, que se refletirá na taxa de juros exigida pelas instituições financeiras. Será certamente necessário diminuir o ritmo de expansão do crédito em razão da evolução da renda pessoal, tarefa que o Banco Central saberá assumir.

Veículo: O Estado de S. Paulo 05/12/2009