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Diante da dificuldade para regulamentar o uso de reservas cambiais para comprar ativos de bancos brasileiros no exterior, medida anunciada pelo Banco Central (BC) no dia 7, o governo está dispostos a adotar outras medidas capazes de irrigar o mercado com linhas de crédito de comércio exterior, enquanto resolve os problemas jurídicos, técnicos e operacionais desta, que é considerada uma iniciativa inovadora e de bom potencial de solução. Agora que o arsenal de providências para prover o sistema bancário de liquidez já foi montado, a mira do BC se voltará prioritariamente para a concepção de medidas de desobstrução do mercado de linhas para exportação e importação, praticamente travadas desde o fim de setembro, com prejuízos às vendas brasileiras no mercado internacional. Os bancos estão aguardando exatamente a definição sobre a compra de ativos para decidirem se e como vão abastecer o mercado de adiantamento de contratos de câmbio (ACC) e continuar financiando as importações. Na segunda feira, junto com o pacote de liberação de até R$ 100 bilhões em compulsórios para socorrer o sistema bancário doméstico, o BC editou uma medida de incentivo a que os bancos compareçam com maior apetite nos leilões de linhas externas. Para isso, permitiu a liberação do compulsório sobre depósitos interfinanceiros feitos com as empresas deLeasing do mesmo grupo no valor equivalente, em reais, à compra de linhas para exportação e importação. Espera-se, com essa autorização, injetar cerca de R$ 18,9 bilhões no mercado. O leilão de linha hoje, onde serão ofertados US$ 1 bilhão, será o primeiro teste para ver se esse estímulo será bem sucedido.
Novas medidas nessa mesma linha poderão ser providenciadas pelo BC enquanto não se resolve a regulamentação da compra de ativos dos bancos brasileiros no exterior, que é uma medida “bastante trabalhosa”, indicaram fontes que estão debruçadas na sua confecção. Hoje a oferta de linhas de crédito de comércio exterior está restrita a não mais do que 20% do que eram antes do agravamento da crise financeira internacional, o que poderá prejudicar sobremaneira as exportações brasileiras. Com o uso de reservas cambiais para comprar ativos de bancos no exterior, o BC poderá adquirir títulos soberanos do Brasil em dólar e mesmo papéis de outros países com rating “A” para cima, dentre outras possibilidades, com compromisso de recompra futura por parte das instituições, o que se configura como um empréstimo. Essa linha funcionará por um determinado tempo determinado e, diante do compromisso de recompra pelos bancos vendedores, não haverá queima de reservas cambiais. Quando foi anunciada essa medida, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que atendia a ordem do presidente da República para se restabelecer o crédito à exportação.
Veículo: Valor Econômico Finanças 15/10/08 Estado: SP