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O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidiu ontem reduzir a taxa básica de juros em 1 ponto porcentual, de 13,75% ao ano para 12,75% ao ano. Trata-se do maior corte de juros promovido pelo BC desde dezembro de 2003, quando a Selic caiu de 17,5% a.a. para 16,5% ao ano. A decisão agradou goianos.
O corte vem em um momento de forte desaceleração da economia brasileira e em meio à pressão feita por empresários, sindicatos e por membros do próprio governo. A taxa Selic está agora abaixo do patamar em que estava até o dia 10 de setembro do ano passado (13% a.a.), data em que o BC aumentou os juros pela última vez, poucos dias antes do estouro da crise econômica. Apesar da queda, os juros reais brasileiros permanecem como os maiores do planeta. A maioria dos economistas já esperava uma queda entre 0,5 ponto porcentual e 1 ponto porcentual. Depois disso, uma sequência de dados negativos sobre emprego, produção industrial e vendas do comércio reforçou as apostas na queda dos juros. De acordo com a pesquisa Focus, realizada pelo BC com o mercado financeiro, os economistas esperam agora uma sequência de novos cortes nos juros: para 12,50% em março; 11,75% em abril; 11,50% em junho; e 11,25% em julho. Depois disso, a taxa só voltaria a cair em 2010, para 11% ao ano.
Reação
O corte na taxa Selic já era esperado pelas lideranças empresariais goianas. A decisão foi bem avaliada e sinaliza sensibilização do governo quanto à crise econômica mundial. “A medida dá ânimo ao mercado. O Brasil sente os efeitos da recessão, com redução do consumo e dos postos de trabalho. Se não cortasse, o quadro poderia piorar”, opina o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Paulo Afonso Ferreira.
Corte de 1 ponto foi considerado importante decisão pelo presidente da Federação do Comércio de Goiás – Fecomércio, José Evaristo Santos. “O Brasil tem a maior taxa de juros do mundo. A inflação está sob controle; consequentemente, é preciso estimular o consumo”, diz. Ele cita dados divulgados na segunda-feira pelo Caged, que apontou o fechamento de 654,9 mil vagas de trabalho no País. “A taxa estava estacionada desde setembro. Havia forte necessidade de mudança.” Porém, o empresário avalia que a redução terá efeito somente entre 60 e 90 dias: “Não basta diminuir juros. Pouco adianta se não houver contrapartida dos banqueiros.”
“Mesmo com o corte, bancos têm lucros extraordinários”, afirma o presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás – Acieg, Pedro Bittar. A medida deveria ter sido tomada há duas reuniões, opina. “É preciso uma sucessão de cortes.” Bittar acha que as reuniões do Copom deveriam acontecer mensalmente: “Os intervalos estão longos – a cada 45 dias, antes eram 30.”
A continuidade dos cortes é esperada pelo presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás – Faeg, José Mário Schreiner: “A taxa real de juros permanece alta, em 7,5%, enquanto nos demais países em desenvolvimento ela é de 4,5% ou 5% anuais.” Segundo ele, a redução é primordial para que sigamos o exemplo de outros países, com cortes severos nos juros.
“Juro alto é desnecessário”
Com a inflação controlada, os juros altos são desnecessários. “O mundo inteiro cortou as taxas. Apesar de o Brasil estar em uma posição mais confortável, é de um conservadorismo desnecessário. O cenário econômico mudou. Por isso, a política monetária também deve ser diferente”, declara o presidente da Federação da Câmara dos Dirigentes Lojistas do Estado de Goiás – FCDL, Agenor Braga Filho. “A queda é um sinal positivo, apesar de não garantir redução das taxas praticadas pelos bancos, que utilizam a Selic apenas como referência e cobram juros exorbitantes.”
A redução da taxa pode significar a inversão da tendência dos últimos meses, segundo o presidente da Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado de Goiás – Facieg, Deocleciano Moreira. “Minimizará os impactos da crise, com maior conforto aos empresários. A medida foi extremamente necessária. O governo precisa se utilizar destes instrumentos para assegurar tranquilidade no mercado”, ressalta.
Bancos são multados
O Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), vinculado ao Ministério da Justiça, multou quatro empresas do setor bancário por publicidade enganosa: Caixa Econômica Federal, Banespa S/A, ABN Amro e BB Administradora – todas são acusadas de oferecer fundos de investimento de renda fixa, sem a devida informação sobre riscos. Segundo nota do MJ, muitos clientes acreditavam estar investindo em um fundo que não oferecia possibilidade de perdas. As empresas foram intimadas e têm dez dias para apresentar defesa à Secretaria de Direito Econômico.
Crédito está facilitado
Bradesco anunciou ontem redução das taxas de juros para diversas modalidades de crédito, incluindo pessoas físicas, jurídicas e leasing de veículos. A medida passa a vigorar a partir de hoje.
Para pessoa física, a taxa de juros mínima do cheque especial vai recuar de 4,83% ao mês para 4,78% ao mês e a máxima, de 8,64% ao mês para 8,56% ao mês. No crédito pessoal, a taxa mínima foi reduzida de 3,39% ao mês para 3,31% ao mês e a máxima, de 5,99% ao mês para 5,91% ao mês. Na modalidade CDC Veículos, a taxa mínima caiu para 1,62% ao mês. (AE)
Linhas ficam mais baratas
Banco do Brasil anunciou redução das taxas de juros de diversas linhas de crédito para famílias e empresas. As taxas passam a vigorar amanhã, 23. Nos empréstimos para famílias, a taxa mínima do cartão de crédito será reduzida de 3,79% ao mês para 3,71%. No cheque especial, juro máximo caiu de 7,99% para 7,91% ao mês.
Unibanco reduziu taxa de juros de diversas modalidades de crédito para pessoas físicas e empresas, que começa segunda-feira, 26. Em nota, a instituição informou que a redução irá atingir a taxa máxima cobrada no Crédito Pessoal Parcelado (CPP). (AE)
CEF realiza 2ª queda no ano
A Caixa Econômica Federal (CEF) também anunciou redução das taxas de juros de algumas operações. De acordo com a CEF, esta é a segunda redução de juros neste ano, quando anunciou diminuição em 21 linhas de crédito. A instituição irá reduzir taxa de onze linhas de empréstimo.
Itaú também cortou taxa de juros para pessoas física e jurídica nas modalidades empréstimo pessoal parcelado e cheque especial. Para pessoa física, o crediário automático cai de 7,09% ao mês para 7,01% ao mês. Juros do cheque especial caem de 8,95% ao mês para 8,87% ao mês.
Manifestação em frente ao BC
Cerca de 100 manifestantes de centrais sindicais de trabalhadores protestaram ontem em frente à sede do Banco Central (Brasília) a favor de um “corte drástico” nos juros. A manifestação, com direito a faixas, carros de som e fantasias, ocorreu ontem em 26 Estados nas sedes regionais do Banco Central.
Veículo: Diário da manhã – GO