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Computadores: Crise econômica tem ampliado a busca por opções mais flexíveis para a aquisição de máquinas

Fabricantes do setor apostam no modelo de ‘PC como serviço’

André Borges e Manuela Rahal, de São Paulo
 
Num momento em que qualquer companhia só fala em corte de custos, a empresa de serviços de idiomas All Tasks decidiu que é hora de trocar seus 40 computadores por modelos novos. Mais do que isso. Thiana Donato, fundadora da companhia, diz que vai ampliar sua base para 65 PCs. A aquisição foi fechada com a Hewlett-Packard (HP) e as máquinas novas devem ser entregues em 20 dias.
O crescimento da empresa, diz Thiana, é a razão que levou a All Tasks a substituir suas máquinas. Não é só isso. A decisão dessa companhia está diretamente relacionada ao modelo de aquisição usado na troca dos PCs. Em vez de comprar computadores, a All Tasks assinou um contrato de leasing com a HP. Por mês, comenta Thiana, a empresa vai pagar R$ 6,5 mil à HP para usar os computadores. Passados 36 meses, ela terá a opção de renovar o parque de máquinas, devolver os equipamentos ou compra-los por um custo que já amortize a depreciação do parque neste período. “Devemos optar pela troca da frota, acho que é tempo suficiente para que os computadores fiquem obsoletos”, diz ela.
O caminho escolhido pela All Tasks para atualizar seus equipamentos tem sido a rota usada pelos grandes fabricantes de PCs para manter aquecidas as vendas voltadas para o mercado corporativo.
Há alguns anos, a oferta de “computadores como serviço” é feita por grandes companhias. Consultorias e integradores de tecnologia procuram oferecer alternativas para que o PC deixe de ser tratado como um ativo e passe a figurar como despesa operacional no balanço de seus clientes. Neste momento, porém, o que se percebe é um esforço dos próprios fabricantes de computadores para assumirem esse papel.
Na Dell, comenta Diego Puerta, gerente geral de serviços e soluções da companhia no Brasil, já é mais comum a situação em que a fabricante apresenta um modelo flexível de aquisição, no lugar da mera substituição de equipamentos. Atualmente, cerca de um terço dos acordos fechados entre a fabricante e seus clientes corporativos estão amarrados por um contrato de leasing. “É preciso avaliar as necessidades de cada cliente, mas geralmente as vantagens desse modelo são inquestionáveis”, diz Puerta.
Basicamente, são três os principais benefícios para quem decide usar o PC como um serviço. Na atual conjuntura, o maior deles talvez seja o financeiro. Em vez de desembolsar um grande montante de uma só vez para comprar computadores, as empresas conseguem ter acesso aos mesmos recursos imediatamente, embora os gastos estejam diluídos ao longo dos anos. Outro ponto forte é a terceirização de serviços de suporte e manutenção das máquinas, que passam a ser de responsabilidade dos fabricantes. Por fim, o usuário também fica livre da preocupação de ter que atualizar seus equipamentos a cada três, quatro anos, e de fazer o descarte dessas máquinas. Entre as ofertas de fabricantes como Dell, Itautec e HP, é possível escolher entre a venda dos equipamentos para a própria fabricante – que após o fim do contrato recompra o PC pelo valor de mercado – ou estender a parceria para um novo leasing, com a atualização da máquinas. “Esse tipo de oferta é uma tendência crescente porque, quando você leva em consideração o custo total de propriedade do usuário, esse modelo mostra-se muito mais competitivo”, afirma Cláudio Raupp, vice-presidente do grupo de computação pessoal da HP no Brasil. 
A oferta de PCs como serviço também mexe com a forma como os fabricantes se relacionam com o mercado. Em vez de um simples serviço de garantia dos produtos, são feitos contratos de níveis de serviços (SLA, na sigla em inglês), nos quais se estabelecem prazos e regras para solução de problemas, sob pena de multa.
Há cerca de três anos, diz Cláudio Vita, vice-presidente comercial da Itautec, a fabricante iniciou a venda do “Ponto Informatizado”, um pacote que envolve computador, software e serviço. “Com a crise econômica, a venda desses ‘pontos’ ganhou um novo impulso”, comenta. “Hoje esse modelo de aquisição é uma das melhores alternativas para o setor.”
Para financiar seus contratos, os fabricantes de PCs trabalham com braços financeiros próprios ou em acordos com bancos. Na HP, os negócios globais da companhia com sua divisão de Serviços Financeiros subiu 15,5% no ano passado. O crescente uso do computador como serviço reforça a tendência de transformação da tecnologia da informação (TI) em um setor de commodity. Esse caminho, já percorrido pela área de telecomunicações, vem sendo trilhado ainda com mais força pelo o mercado de software, com a constante migração de sistemas para a internet e a contratação de terceiros para o desenvolvimento de aplicativos. 
Neste ano, as previsões atuais dão conta de que o Brasil deverá comprar 11 milhões de computadores, dos quais metade será adquirida por consumidores finais e outra parte pelas empresas, segundo a consultoria IT Data. Atualmente, há mais de 60 milhões de PCs em uso no país, conforme pesquisa recente da Fundação Getulio Vargas, de São Paulo. Atualmente, os gastos e investimentos em tecnologia feitos pelas empresas do país atingem 6% de suas receitas líquidas, volume que dobrou nos últimos 12 anos. (Colaborou Gustavo Brigatto)

Veículo: Valor Econômico