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Competição vai crescer no financiamento de veículos

O mercado de financiamento de veículos ganhou um novo importante player com a compra de 49,99% do Banco Votorantim pelo Banco do Brasil (BB), anunciada sexta-feira. Apesar de ter caído em novembro, o financiamento de veículos representa 35% do crédito destinado à pessoa física e foi uma das linhas que mais cresceu em 2008.

 
Incluindo operações de leasing e de crédito direto ao consumidor (CDC), o estoque do financiamento de veículos chegou a R$ 136,768 bilhões em novembro, 0,9% abaixo do patamar de outubro, mas com expansão de 22,5% no ano. O crédito total com recursos livres para pessoa física aumentou 23,2% no ano para R$ 391,484 bilhões.
 
Esse é também um dos negócios de varejo mais competitivos. Sinal disso é que o spread do financiamento de veículos é de 22,2 pontos percentuais, abaixo do spread médio do crédito para pessoas físicas de 39,1 pontos.
 
Mas a principal vantagem do BB é que a parceria com o Votorantim lhe permitirá conquistar uma posição relevante na área. “O BB entra como um dos protagonistas principais e não timidamente”, disse Rodrigo Dantas, consultor da Roland Berger.
 
De fato, a compra da participação no Votorantim praticamente triplica a carteira de financiamento de veículos do BB. O BB tinha apenas R$ 5,6 bilhões em financiamento de veículos, o equivalente a quase 11% da carteira de pessoa física e a 4% do mercado. Já o Votorantim tem três vezes mais em financiamento de veículos, ou R$ 16,8 bilhões e 12% do mercado. Considerando que o BB terá metade do Votorantim, sua carteira de crédito para veículos vai a R$ 14 bilhões – a menor entre os grandes bancos.
 
O Santander, com a compra do Real, dono da poderosa Aymoré, tem R$ 23,7 bilhões. O Bradesco, com a aquisição da Finasa, soma R$ 31,2 bilhões. O Itaú, que no passado comprou a Fináustria e o Banco Fiat, junto com o Unibanco, lideram o mercado com R$ 47,1 bilhões, 34% do total.
 
Para o presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues, uma das principais armas do BB no mercado de veículos será o funding barato, uma vantagem da qual o Votorantim não dispunha. Por outro lado, o banco da família Ermírio de Moraes, agrega especialização em redes terceirizadas, operando em 18 mil revendas de veículos.
 
O único problema é que o setor de veículos não está vivendo seus melhores momentos agora. A Anfavea divulgou na semana passada a queda de 54,1% na produção de veículos em dezembro em comparação com novembro.
 
Outro problema é o aumento da inadimplência, lembrou Rodrigues. O índice de operações com atraso acima de 90 dias atingiu 4,1% do total em novembro, de acordo com dados do Banco Central (BC) em comparação com 3% em dezembro de 2007. De toda forma, o índice é inferior à média de 7,8% da inadimplência do crédito para pessoas físicas (7% em dezembro de 2007).
 
“O mercado de financiamento de veículos está passando por um período de incertezas a curto prazo. Mas o BB está mirando uma estratégia de médio e longo prazos”, disse a analista Monica Araújo, da corretora Ativa, para quem a nova parceria soma especialização com capilaridade e disponibilidade de funding .
 
Para Dantas, tudo indica que o negócio de financiamento de veículos será importante para os bancos de varejo.
 
O consultor da Roland Berger afirmou que o negócio do BB com o Votorantim é totalmente distinto das aquisições recentes de bancos estaduais como a Nossa Caixa, Besc e BEP, cujo objetivo era ganhar escala. No caso do Votorantim, a estratégia é complementar o portfólio.
 
Monica também chamou a atenção para o ganho do BB na área de mercado de capitais e corretagem de valores, nas quais o Votorantim opera.
 
Para os analistas, a ação do BB reforça a pressão sobre o Bradesco, que era o maior banco privado do mercado até outubro, quando foi superado pela fusão do Itaú com o Unibanco. Mas Dantas não espera um movimento “desenfreado” de compras, e sim aquisições seletivas. “Quem tiver dinheiro em caixa terá muitas oportunidades à vista dada a desvalorização dos ativos”, disse.

Veículo: Valor Econômico