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A manutenção do forte ritmo do crédito no começo do ano fez a Caixa Econômica Federal revisar, de 35 para 40 por cento, a expectativa de expansão de seu estoque total de financiamentos para o final de 2010.
“Pretendemos crescer o dobro da média do mercado e elevar nosso market share no setor para cerca de 10 por cento”, disse à Reuters nesta sexta-feira o vice-presidente de Finanças do banco estatal, Marcio Percival.
Se alcançado, esse objetivo levará os financiamentos da instituição para cerca de 174 bilhões de reais, 50 bilhões de reais a mais do que no final de 2009.
A exemplo que ocorreu no ano passado, os empréstimos imobiliários seguirão como carro-chefe dessa escalada. Com um volume de originações crescendo até 4 bilhões de reais por mês, o saldo total já alcançou os 84 bilhões de reais em maio, acima do inicialmente previsto pela Caixa para o fim deste ano.
Com isso, a estimativa agora é que a carteira de crédito imobiliário da Caixa, a maior do ramo no país, supere os 100 bilhões de reais até dezembro, mais que o dobro dos 47 bilhões de reais de dezembro passado.
Uma ferramenta adicional da qual a instituição vai lançar mão para conseguir esse objetivo é ofertar financiamentos para compra da casa própria no Banco Panamericano, do qual comprou 49 por cento do capital em dezembro, por 739 milhões de reais.
“Estamos só aguardando a aprovação do negócio pelo Banco Central, que pode sair nos próximos dias”, disse Percival, adicionando que, ao mesmo tempo, as agências da Caixa passarão a vender produtos de leasing do Panamericano.
Segundo o executivo, a demanda por empréstimos em outros segmentos, como os de varejo e para empresas, também segue forte. Só em pessoa jurídica, o banco tem cerca de 10 bilhões de reais de pedidos de financiamento em análise, disse.
CAPTAÇÕES
A Caixa teve frustrados os planos de fazer sua primeira emissão com letras financeiras, instrumento regulamentado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) como meio de captação de recursos de longo prazo para instituições financeiras. A meta era levantar 3 bilhões de reais em papéis com prazo de oito anos.
“O custo está muito alto, cerca de 105, 106 por cento do CDI”, justificou Percival. “Com esse preço, o nosso custo para o tomador teria que ficar em torno de 120 por cento do CDI.”
Embora afirme que a Caixa esteja confortável para atender a demanda por empréstimos com prazos mais longos, Percival disse que a Caixa considera recorrer a uma primeira emissão de bônus no exterior ou obter uma linha com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), caso a janela do mercado para captar com letras financeiras a cerca de 101 por cento do CDI não se abra logo.
O vice-presidente da Caixa disse ainda que a instituição deve anunciar nos próximos dias qual sua estratégia de atuação na área de cartões de crédito e de débito.
Veículo: O Estado de S.Paulo 31/05/2010