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Caixa deve comprar participações

A Caixa Econômica Federal vai destinar R$ 3 bilhões para a compra de participações em bancos pequenos e médios e estimular fusões e aquisições de instituições financeiras menores.

Esse será o capital inicial da CaixaPar, a empresa de participações a ser criada pela instituição pública, que terá uma estrutura enxuta, com cerca de 15 funcionários, e será dirigida pelo vice-presidente de finanças da Caixa, Márcio Percival.
 
Várias instituições financeiras de menor porte já sondaram a Caixa Econômica Federal para vender participações.
 
As propostas estão sendo avaliadas sob dois aspectos: o interesse do governo, que detém 100% do capital da instituição, em retomar o crédito dos bancos pequenos e médios; e os interesses estratégicos da própria Caixa Econômica, que pretende crescer em áreas como financiamentos de veículos, crédito a médias empresas, empréstimos consignados e arrendamento mercantil (leasing).
 
A ideia é que a Caixa compre participações minoritárias em bancos pequenos e médios. Parte dos recursos ficaria com os acionistas controladores e parte seria injetada nos bancos, sob a forma de aumento de capital.
 
Está descartada a hipótese de a Caixa assumir o controle desses bancos, pois, nessa hipótese, eles se tornariam instituições financeiras públicas e perderiam a agilidade para, por exemplo, oferecer remunerações variá- veis para os agentes de crédito.
 
A Caixa não abre mão, entretanto, de fechar acordos de acionistas que garantam poderes para influenciar as principais decisões estratégicas dos bancos que venham a ser adquiridos.
 
A tendência, no entendimentos de fontes governamentais, é que a injeção de capital tenha efeitos positivos para restabelecer a confiança dos depositantes dos bancos médios, recompondo os volumes de captação vigentes antes da crise, iniciada em setembro de 2008.
 
Mas, quando for o caso, a Caixa poderá reforçar diretamente as captações, por meio de depósitos interfinanceiros ou de outros instrumentos. Com isso, os bancos menores teriam mais recursos para expandir suas carteiras e poderiam se beneficiar com a queda dos custos médios de captação.
 
A Caixa pretende também usar os canais de distribuição dos bancos médios, como redes de correspondentes bancários e parcerias com revendedores de veículos e redes varejistas, para colocar seus próprios produtos financeiros, como linhas de crédito, contas bancárias, seguros e financiamentos imobiliários.
 
No caso dos bancos de menor porte, a reestruturação deverá passar, em primeiro lugar, pela consolidação do sistema. A ideia é que a CaixaPar entre com recursos para estimular fusões e aquisições e, ao mesmo tempo, comprar participações minoritárias e ampliar os volumes de capital.
 
As aquisições de participações acionárias pela Caixa são vistas, no governo, como um atalho para ampliar a sua carteira de crédito em um ambiente de rápida queda dos juros básicos.
 
Nos últimos anos, o banco se ressentia da falta de subsidiárias nas áreas mais dinâmicas do mercado de crédito, como financiamentos a não clientes, tanto em redes varejistas quanto em concessionárias de veículos, e no segmento de “leasing“, principalmente de automóveis. A Caixa chegou a cogitar a abertura de empresas para atuar nesses nichos, mas a conclusão foi que as aquisições poderiam queimar etapas próprias de quem começa do zero.
 
Há também a preocupação do governo em reativar o crédito de bancos pequenos e médios, que operam em nichos muito importantes para estimular a atividade econômica, como financiamentos de automóveis, de motos, crédito consignado e financiamento às empresas médias.
 
O governo já tentou anteriormente usar o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para restabelecer o fluxo de empréstimos dos bancos menores. O FGC, que administra o sistema de seguro depósito, tem R$ 9,5 bilhões disponíveis para injetar recursos nos bancos pequenos e médios, que, por sua vez, aplicariam os recursos em crédito. Mas a parcela máxima de recursos que cabe a cada banco, da ordem de R$ 750 milhões, é vista como pequena para fazer frente às necessidades.
 
“Tem banco com carteiras de de R$ 5 bilhões que, com a crise, foi obrigado a reduzir para R$ 3 bilhões”, afirma uma fonte do governo. “Se houvesse dinheiro, essas carteiras poderão subir facilmente para R$ 8 bilhões.”
 
Outra iniciativa para ampliar a oferta de crédito é por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que usaria o seu já existente Fundo Garantidor de Promoção da Competitividade (FGPC) para criar um sistema de seguro depósito.
 
A discussão sobre a criação de um seguro de crédito foi levada ao governo pela Febraban, a partir do entendimento de que o que travou as oferta de financiamentos não foi a falta de dinheiro, mas a desconfiança do sistema bancário na capacidade de pagamento do tomador de crédito. Se o diagnóstico está correto, a operacionalização de um sistema de seguro removeria o problema. A proposta da Febraban foi levada em dezembro ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e, na ocasião, os bancos estimaram que um mecanismo dessa natureza não demandaria muito mais que R$ 5 bilhões, na medida que seria usado para garantir o crédito às pequenas e médias empresas.
 
Para não ter que criar um novo instrumento, uma proposta que está sendo avaliada pelo Banco Central e Ministério da Fazenda – que criaram um grupo de trabalho para apresentar propostas de redução do spread e retomada do crédito – é a de revigorar o já existente Fundo Garantidor de Promoção da Competitividade (FGPC), no âmbito do BNDES, criado com recursos do Tesouro Nacional, mas praticamente paralisado.
 
O governo, no entanto, quer que os bancos privados partilhem com a União o aporte de uma parte dos recursos necessário para capitalizar o fundo. Fontes oficiais alegam que a Febraban, porém, não tem se mostrado disposta a entrar com dinheiro nesse fundo, que assumiria boa parcela dos riscos de crédito.
 
O funcionamento do seguro seria parecido com o de um tradicional fundo de diretos creditórios. Em caso de inadimplência, os bancos que concedem o crédito assumiriam as perdas até um determinado limite – algo como 20%
 
 
A partir de determinado percentual, o fundo arcaria com as perdas dom inadimplência.
  
   

Veículo: Valor Economico