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Bradesco reduz lucro com provisão maior para perdas

O cenário de crise e de maior incerteza na economia afetou os resultados do Bradesco, primeiro grande banco a publicar os números do primeiro trimestre de 2009. O banco aumentou a provisão para devedores duvidosos em quase R$ 3 bilhões, ficou ainda mais cauteloso no crédito e viu seus ganhos caírem no período. O lucro líquido foi de R$ 1,723 bilhão, queda de 18% em relação ao mesmo período de 2008, considerando o lucro publicado, e de 9,6% quando comparado ao ganho ajustado.

Depois de 17 trimestres consecutivos de ganhos, as coisas começaram a mudar a partir de terceiro trimestre de 2008, com o agravamento da crise mundial. Com o desenrolar da crise, o banco diz estar entrando em um “novo ciclo”, com maiores desafios, marcado por inadimplência em alta e taxas mais modestas de crescimento dos empréstimos. Nesse cenário, marcado também por poucas opções de aquisição no mercado financeiro, o banco aposta no crescimento orgânico e planeja abrir 100 novas agências este ano.
 
Com maior seletividade na concessão de empréstimos, a participação do crédito no resultado geral do banco caiu dez pontos percentuais em 12 meses, para 15% no primeiro trimestre. Já as vendas de seguros e as operações de tesouraria foram na direção oposta e garantiram maior fatia nos resultados. No caso da tesouraria, saltou de 6% para 17%. Nos seguros e previdência, bateu em 38%, a maior entre os bancos do país. As receitas de serviços ficaram estáveis, por conta das novas regras do governo, que passou a exigir um realinhamento de tarifas.
 
A carteira de crédito total (incluindo avais, fianças e cessão de crédito) fechou março em R$ 214,3 bilhões, queda de 0,5% comparada ao fechamento de dezembro de 2008 e alta de 26,6% em relação a março do ano passado. As principais linhas para pessoas físicas, como veículos, cartões de crédito e financiamento imobiliário, tiveram queda em comparação a dezembro. Na pessoa jurídica, capital de giro e veículos caíram, mas o financiamento à exportação subiu.
 
Milton Vargas, vice-presidente de Relações com Investidores do Bradesco, atribui a queda recente nas operações de crédito a uma redução na demanda por empresas e pessoas físicas, que, segundo ele, pode te sido influenciada pela sazonalidade do período. O banco, diz ele, “atendeu toda a demanda que estava a seu alcance” e tem recursos disponíveis para emprestar mais.
 
Vargas avalia que o crédito vai se normalizar somente a partir do quarto trimestre. Até lá, a inadimplência deve continuar subindo, depois de um longo período de estabilidade. Vargas acredita que a taxa total do banco, considerando os atrasos superiores a 90 dias, bata em 4,9% em agosto ou setembro, para depois começar a recuar. Se confirmada, será a taxa mais alta desde o segundo trimestre de 2002, quando chegou a 5,4%.
 
Segundo ele, os casos de calote são mais graves entre as empresas de menor porte (com faturamento anual abaixo de R$ 30 milhões) e na baixa renda. Na pessoa física, o índice fechou março em 7,6%, acima dos 6,7% de dezembro. Na pessoa jurídica (micro, pequenas e médias empresas) saltou de 2,7% para 3,6%.
 
Por conta da alta da inadimplência, o Bradesco aumentou as provisões em 75% (R$ 2,920 bilhões). Segundo Vargas, com todos os reforços, o banco tem R$ 3,1 bilhões a mais que os valores exigidos pelo Banco Central. Nos cartões, a inadimplência ficou estável. Mesmo assim, o banco ficou mais cauteloso na emissão de novos plásticos. O banco encerrou março com 35,6 milhões de cartões, 300 mil a mais que em dezembro.
 
A projeção do Bradesco é que o crédito no Brasil cresça 12% este ano. Para o banco, a estimativa inicial era de uma expansão de 13% a 17%. O número, porém, vai ser revisto para baixo, mas somente após a análise dos dados do segundo trimestre. Entre as linhas de crédito para pessoas físicas, o maior destaque ficou com o leasing, com expansão de 138% em 12 meses (9,2% frente a dezembro). Entre outras linhas, veículos caiu 8% no ano, imobiliário subiu 20% e o consignado cresceu 10,6%.
 
Para conter despesas, o banco reduziu alguns gastos. Entre eles, os de propaganda e publicidade, com recuo de 48% em relação a dezembro (e 10% em 12 meses).
 

Veículo: Valor Econômico