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Bradesco lucra R$ 1,9 bi, mas já vê desaceleração do crédito

O banco Bradesco alcançou um lucro líquido de R$ 1,9 bilhão no terceiro trimestre do ano, com resultado acumulado de R$ 6 bilhões em nove meses do ano. O resultado representa uma queda de 4% sobre os R$ 2 bilhões auferidos no segundo trimestre do ano, porém com uma alta de 3% sobre os R$ 5,8 bilhões de lucro conseguidos até setembro de 2007. O patrimônio líquido da instituição chegou a R$ 34,2 bilhões, alta de 1,4% no trimestre e 17% nos últimos 12 meses. Excluindo eventos não recorrentes, o lucro líquido em nove meses foi de R$ 5,8 bilhões, ante R$ 5,35 bilhões no mesmo período de 2007.

Segundo o diretor vice-presidente executivo do Bradesco, Milton Vargas, a principal responsável pelo crescimento desse patrimônio é a carteira de crédito. “Conseguimos evolução importante, acima do apurado pelo mercado.” A carteira da instituição teve crescimento de 8,6% no trimestre, em relação a junho, alcançando saldo de R$ 197,2 bilhões, e de 40,8% em doze meses. A carteira de pessoa jurídica obteve evolução de 10% no trimestre, chegando a R$ 127,32 bilhões de estoques, contra R$ 115,7 em junho deste ano. A evolução em doze meses foi de 48,5%. Já na pessoa física, o saldo passou de R$ 65,8 bilhões em junho deste ano para R$ 69,9 bilhões em setembro, uma alta de 6,2% em três meses. No acumulado de doze meses, o aumento foi de 28,7%.

O presidente da instituição, Márcio Cypriano, em teleconferência, destacou o crescimento das carteiras de veículos e consignado. O crédito direto ao consumidor (CDC) e o leasing de veículos obtiveram uma evolução de 8,8% em três meses e de 43% em doze meses, atingindo saldo total de R$ 31,2 bilhões. Já o consignado, apesar de ligeira queda de 0,4% no trimestre, obteve crescimento de 18% em doze meses. “Estas duas modalidades representaram mais da metade do financiamento ao consumo.”

Ainda segundo ele, o crescimento de 31,2% no leasing em três meses se deve à isenção do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Em doze meses, a evolução foi de 247%, perfazendo saldo total de R$ 16,4 bilhões.

O executivo diz ainda que já não é possível manter os financiamentos a veículos em prazos elevados. “Há um movimento para trazer os prazos para números menores. Financiamento em 90 meses, como chegamos a trabalhar, é um absurdo. O prazo médio atual está em 32 meses.”

Apesar da evolução acima do mercado, em torno de 30%, a instituição acredita em desaceleração nos últimos meses do ano, reflexo da crise. “Devemos encerrar o ano com cerca de 29% de crescimento ante 2007”, diz Cypriano.

Para o próximo ano, as perspectivas são mais modestas: o presidente da entidade prevê alta de 20%, dependendo da evolução do PIB. “Com uma perspectiva de crescimento do PIB em 3%, essa seria a evolução do crédito. Se se aumentar um, o outro também sobe.”

Ele afirma ainda que o momento atual é de mais cautela na concessão de crédito. “A tendência é a análise ficar mais rigorosa”. Além disso, ele vê as medidas do Banco Central como necessárias para resolver o problema de liquidez de pequenos e médios bancos. “O momento recomenda que o BC possua instrumentos para desempoçar a liquidez. Mas, em relação à compra de bancos privados, acreditamos que se vá levar em consideração o preço justo.”

A instituição ainda apurou perdas de R$ 475 milhões com operações de não juros. Segundo o presidente do banco, não há efeito negativo no mercado futuro. “Essa é uma marcação a mercado, porém não são operações liquidadas. Está aplicado em títulos públicos, que garantem rentabilidade futura.” As perdas vieram principalmente de aplicações em títulos públicos, R$ 150 milhões, e da carteira de ações, R$ 185 milhões. O vice-presidente garante que é uma situação passageira. “Esta perda foi mais forte neste trimestre, porém é transitória. Não estamos nos desfazendo dos títulos públicos federais.” A instituição afirmou ainda possuir R$ 6 bilhões liberados em compulsórios para investir em carteiras de ativos de outros bancos. “Cerca de R$ 1,5 bilhão já foi utilizado. Estamos analisando ainda despender mais R$ 1,5 bilhão em nove instituições”, diz Cypriano, que afirma que essas operações devem se completar ainda hoje. Segundo informações da semana passada, o Bradesco já havia adquirido duas carteiras com recursos dos compulsórios.

A instituição afirmou ainda não operar com derivativos exóticos. Segundo Vargas, o comitê de produtos do banco chegou a analisar esse tipo de operação, porém elas “mostravam um nível de risco muito alto para clientes”.

Seguros

O lucro da unidade de seguros e previdência privada chegou a R$ 629 milhões no trimestre e R$ 2 bilhões no acumulado de 9 meses, queda de 13% em relação à junho e crescimento de 18% em doze meses. O banco atribui a queda à volatilidade sofrida pelo mercado, reflexo da crise financeira. “Apesar disso, conseguimos melhorar os índices dos principais indicadores”.

Veículo: DCI Finanças 28/10/08 Estado: SP