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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não crê que sua entrada no mercado de Certificado de Depósitos Bancários (CDBs) tenha mexido com as taxas deste mercado, pois considera seu programa de CDBs bastante pequeno, de R$ 400 milhões nos últimos dois meses, o equivalente a 0,08% de um mercado que gira R$ 500 bilhões, disse ao Valor a superintendente da área financeira da instituição oficial, Maria Isabel Aboim.
O CDB foi usado pela primeira vez pelo banco em julho e agosto como instrumento de gestão de curto prazo de caixa e agora é “um instrumento de prateleira” que pode ser acionado se houver necessidade. “Nós vendemos CDBs através de leilões da Cetip para investidores institucionais. Nossos CDBs não têm liquidez diária, são instrumentos de três a seis meses, o que lhes dá uma característica diferente dos CDBs dos bancos comerciais”, informou a executiva.
Ela ressaltou que as taxas dos CDBs subiram em números mais significativos do que 105% quando o governo instituiu o compulsório para as operações de leasing dos bancos. As taxas praticadas pelo BNDES estão abaixo deste percentual. E elas mudam conforme o momento do mercado. Aboim reconhece que o banco obtém as taxas mais favoráveis que pode encontrar no mercado de CDBs a cada momento, apesar de não ter liquidez diária.
Mas, o CDB do BNDES é percebido pelos tomadores como de menor risco possível no mercado.
No entanto, não há disposição do BNDES e Maria Isabel não crê mesmo que o banco possa transformar este papel do interbancário em algo muito significativo em termos de volume. “Nós demoramos a entrar neste mercado porque não tínhamos pressão para isto. Nunca tínhamos feito este tipo de colocação e tivemos que aprender como funciona. Mas, na verdade, não temos necessidade de enormes volumes nesta área. Nossa estratégia é ficar pequeno no CDB”.
Maria Isabel acredita que até o final do mês o funding do BNDES estará razoavelmente equacionado, pois deverão entrar no caixa da instituição os R$ 15 bilhões que lhe serão alocados pelo Tesouro. Este valor somado aos R$ 12,5 bilhões repassados pelo Tesouro ao banco no primeiro semestre soma R$ 27,5 bilhões. “O Tesouro tem feito uma boa parceria com o BNDES”.
Ela reconhece que o CVS não é um funding. E não sabe dizer como estão as tratativas para obter recursos do Fundo de Investimento de Infra-Estrutura do FGTS. Mas reconhece que o BNDES tem a financiar R$ 49 bilhões de projetos de infra-estrutura do PAC. “Por isso o Tesouro tem se empenhado em nos ajudar”.
A executiva adiantou ao Valor que o gap do orçamento de 2008 já está fechado com os R$ 15 bilhões do Tesouro e deverá ainda sobrar alguma coisa no caixa para o orçamento de 2009. Ela não quis antecipar se os desembolsos do banco esta ano vão ultrapassar R$ 80 bilhões. “Vai depender muito do segundo semestre. Já fechamos em R$ 80 bilhões os desembolsos em 12 meses até o final de agosto”.
Ela admitiu que haverá um des casamento entre a TJLP (6,25%) e o custo do empréstimo do Tesouro, que não s erá subsidiado, mas a custo de mercado. “Já há algum tempo temos uma cesta de moedas e uma cesta de IPCA para operações que comportam custo mais elevado que TJLP, inclusive operações do PAC, o que dá um custo médio para o banco aceitável para grandes projetos. Mas, no FAT o banco opera casado”.
Veículo: Valor Econômico Finanças 2/9/08 Estado: SP