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SÃO PAULO – As novas diretrizes do Banco Central para adaptação às normas da Basileia 3 não vão acarretar aumento de capital para os bancos no curto prazo. Em relatório, o HSBC acredita que apenas o Banco do Brasil (BB) deve precisar de capital novo, mas não antes do fim de 2013.
O acordo de Basileia 3 obriga bancos a ter mais reservas de capital para se proteger de crises.
“O Banco do Brasil está na tela de radar do mercado quanto à possível necessidade de melhorar os índices de capital no médio prazo”, diz o HSBC. Itaú, Bradesco e Santander não terão essa necessidade, especialmente levando-se em consideração as atuais projeções de crescimento do crédito em 2012, na faixa de 15% a 20%.
Para fazer os cálculos sobre o BB, o HSBC usou os números do quarto trimestre de 2011. Considerando o impacto total, os ajustes irão resultar em uma redução de 710 pontos-básicos no chamado capital Tier 1 (de qualidade mais elevada, composto principalmente pelo capital acionário mais prêmio de ações e lucros retidos), para 3,4%. Apesar disso, o banco lembra que a implementação dessas regras será gradual, ao longo de cinco anos.
“Nessa adoção gradual, estimamos que a dedução de capital seria de 140 pontos-básicos no Tier 1 nessa simulação, trazendo o índice a 9,1%. Estimamos que o índice de capital Tier 1 do Banco do Brasil chegaria a 7,5% em 2014.”
Segundo o HSBC, o Banco do Brasil está incluindo ajustes para os ativos do fundo de pensão Previ sobre o balanço e o ágio relacionado ao Banco Postal. “Acreditamos que pelo menos esta última medida reflete uma atitude conservadora, uma vez que o leilão do Banco Postal foi concluído em maio de 2011.”
Com base em suas premissas para crescimento do crédito em 2012 e 2013, o HSBC acredita que os grandes bancos (com exceção do Santander Brasil) irão aumentar o capital em 12% a 16% por ano por meio de lucros retidos, ao passo que o crescimento do crédito no sistema deve atingir de 16% a 18% em 2012, e níveis similares em 2013. Assim, a absorção de capital deve ficar na faixa de 40 a 230 pontos-básicos nos próximos dois anos.
Adaptações
O BC emitiu um documento público em 17 de fevereiro, incluindo alguns pequenos ajustes ao documento inicial publicado um ano antes. A principal diferença em relação às regras adaptadas ao Brasil é que os índices mínimos de capital exigidos, até a implementação total em janeiro de 2019, são, em certos casos, maiores que os impostos nas normas da Basileia 3. Esses índices mais elevados servem para compensar o tratamento mais condescendente do ágio nas regras do BC, na opinião do HSBC.
Outra diferença evidente, diz o banco, é a introdução antecipada do colchão anticíclico, que está marcada para janeiro de 2014. Essa medida está a critério dos órgãos supervisores nacionais, o BC no caso do Brasil, e parece que o plano é aproveitar a demanda robusta e utilizá-la como outra ferramenta para moderar o crescimento do crédito no cenário atual de demanda elevada.
Os principais ajustes aos índices de capital dos grandes bancos brasileiros estão relacionados a ativos fiscais diferidos para diferenças temporárias, compensados por correspondentes passivos fiscais diferidos; participações em seguro; intangíveis, excluindo ágio; e outros ativos fiscais diferidos (relativamente pequenos).
Também englobam ativos de fundos de pensão líquidos no balanço, no caso específico do Banco do Brasil. O ágio, de acordo com as normas do BC, não exige uma dedução de capital em aquisições feitas antes de 1º de janeiro de 2012.
Veículo: Valor 21/03/2012