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Bancos veem juro estável e calotes em baixa em 2013

Neste novo cenário, executivos do setor revelam suas estratégias, que passam por parcerias e segmentação 

Flávia Furlan, Rafael Palmeiras e Vanessa Correia (redacao@brasileconomico.com.br) 

Instituições financeiras que atuam no Brasil estão mais otimistas com 2013, depois de enfrentarem em 2012 cenário de queda de juro e alta da inadimplência. Com isso, já traçam estratégias para o próximo ano com reforço da atuação em determinados segmentos, em busca de rentabilidade e maiores margens. 

É essa a visão das principais instituições financeiras do país, ganhadores do prêmio Relatório Financeiro do Brasil Econômico, evento que reuniu 200 pessoas ontem em São Paulo. A publicação, cujos indicadores financeiros foram analisados pela Austin Rating, destacou os bancos que aliaram crescimento, controle de despesas e bons retornos aos acionistas no primeiro semestre. 

“Reconhecer a excelência das principais instituições financeiras brasileiras é de grande relevância, principalmente no momento em que o setor vive uma de suas maiores transformações. Com juros mais baixos e spreads menores, as instituições nunca concederam tanto crédito quanto nos últimos anos”, destaca Maria Alexandra Mascarenhas Vasconcellos, presidente do conselho de administração da Ejesa, que edita o Brasil Econômico. 

Em 2013, o setor financeiro espera uma melhora no cenário econômico. “As taxas de juros estão em acomodação, o que vejo como tendência. Com a melhoria econômica do próximo ano, as taxas de inadimplência devem cair”, diz José Alcides Munhoz, diretor vice-presidente do Bradesco. Walter Malieni Júnior, diretor de distribuição do Banco do Brasil, concorda: “Para 2013, estamos prevendo um novo ciclo, com redução das taxas de inadimplência tanto na pessoa jurídica quanto na pessoa física.” 

A mesma tônica está no discurso do Itaú Unibanco. “Acreditamos em melhoria das taxas de inadimplência para o ano que vem, dada a proximidade com os clientes, correta segmentação e conhecimento efetivo de suas necessidades”, diz o superintendente Sother Marques Neto. Décio de Almeida, diretor presidente do Banco Volkswagen, concorda: “Em 2013, vamos passar por um processo de estabilização da economia e apostamos que incentivos da esfera pública e privada podem aquecer novamente o setor.” José Signorini, diretor financeiro do Banco Rodobens, destacou o ano difícil de 2012, com aumento da inadimplência. “Mas estamos otimistas com 2013.” 

Diante deste cenário, as instituições traçam suas estratégias. Cristiano Malucelli, presidente do Paraná Banco, quer reforçar a atuação em crédito a médias empresas no próximo ano (aquelas com faturamento de R$ 5 milhões a R$ 500 milhões ao ano). Um total de 14% dos negócios do banco está na modalidade, enquanto 80% estão em consignado e 6% em parcerias de financiamento ao consumo. 

“Precisávamos de uma diversificação para o mercado de consignado, que já está maduro, e avançar em middle market é uma escolha óbvia tendo em vista a nossa forte presença regional e os clientes da seguradora do grupo”, diz Malucelli Segundo ele, em um cenário de queda de juro, os bancos vão buscar eficiência e diferenciação, seja de segmentação de clientes, geográfica, por produto ou por nicho. 

No caso do BMG, que atua em crédito consignado, uma das formas de alavancar os negócios em meio ao arrefecimento do mercado foi firmar, em julho, joint venture com o Itaú. Ernani Leite Vitorello, diretor executivo de administração e controle do banco, diz que a joint venture começa a operar em dezembro. “Foi um negócio excepcional, que nos possibilitará ficar no mercado com balanço robusto e gestão de risco.” 
Outro banco de médio porte, o ABC Brasil, deve manter sua estratégia de 2012 no próximo ano, diante da expectativa de melhora do cenário. 

“Tivemos restrição de crescimento pela redução do ritmo da economia e, com as medidas de estímulo que têm sido adotadas pelo governo e o Banco Central, esperamos um crescimento maior em 2013 do setor, o que vai permitir que a carteira de crédito tenha melhor qualidade”, pondera o diretor-presidente Anis Chacur Neto. 

Entre os bancos de investimento, o BTG Pactual continuará a tornar os fundos de private equity sócio de companhias brasileiras. “Acreditamos no potencial do Brasil”, diz Antonio Porto Filho, vice-presidente senior do banco. O executivo diz não analisar setores, mas companhias com potencial de crescimento. 

No caso da corretora do banco, o sócio Ricardo Lutfalla afirma que a queda da taxa de juros deve atrair investidores à bolsa, principalmente pessoas físicas. “Há algumas ofertas subsequentes em andamento, e os investidores estão abertos às operações qualificadas. Os estrangeiros reduziram apetite por ativos brasileiros ao longo desse ano, mas deve retomá-lo, principalmente por meio de oferta de ações .” 

Carlos Takahashi, diretor da gestora de recursos do Banco do Brasil, também acredita nesta retomada. “Os investidores vão procurar novas alternativas e diversificando o portfólio, então temos de trabalhar com aperfeiçoando da tecnologia para adequar uma avaliação de risco e retorno que permita diversificar com segurança, sabendo os riscos que se está tomando”. 

Inadimplência deu tom do ano 
Instituições financeiras viram índices de inadimplência, tanto da pessoa física quanto jurídica, avançarem a patamares recordes ao longo de 2012 
Inadimplência em alta, intervenção em três instituições financeiras pelo Banco Central (BC), crise europeia. O ano de 2012 foi desafiador para as instituições financeiras que atuam no Brasil. “É a primeira vez que vemos um cenário de desemprego em baixa e inadimplência em alta”, ressalta Ernani Leite Vitorello, diretor executivo de administração e controle do Banco BMG. 

O executivo lembrou que há 10 anos, a proporção da carteira de crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro era muito pequena, de 20%, e hoje é de 51% do PIB. “Seria natural um movimento de acomodação na tomada de crédito, em torno de 15% ao ano”, acredita Vitorello. 

Para ele, o atual desafio do sistema financeiro é conviver com avanços mais modestos de expansão da carteira, ao mesmo tempo em que precisará manter sua rentabilidade. “Há uma missão de eficiência para todos”, completa. 

Anis Chacur Neto, diretor presidente do Banco ABC Brasil, também viu o crescimento menor da economia brasileira afetar de forma negativa os negócios, enquanto que a queda do juro impactou na remuneração do patrimônio da instituição financeira, mas não no resultado. “Não sentimos problemas específicos, porque o spread no segmento de empresas já é competitivo, diferentemente do que acontece no varejo e em cartões de crédito”, aponta, citando os mercados em que houve pressão do governo para redução de juros ao consumidor. 

Já Cristiano Malucelli, presidente do Paraná Banco, tem outra opinião. O ano de 2012 superou as expectativas da instituição, por conta da queda da taxa básica de juros (Selic), devido ao fato de o Paraná Banco manter boa parte da carteira de crédito prefixada. “Nossa estratégia de ter folga no balanço e um índice de solvência alto se mostrou acertada”, pondera. Entre junho de 2011 e de 2012, a carteira de crédito do banco registrou crescimento de 26%, acima da média do mercado. 

No caso das gestoras de recursos, Carlos Takahashi, diretor presidente da BB DTVM, diz ter aproveitado boas oportunidades que surgiram ao longo de 2012, um ano de extrema volatilidade e aversão ao risco. “Algumas casas que inspiram segurança como no caso do BB, no final das contas, experimentaram fluxo importante de recursos e isso permitiu que continuasse crescendo de forma rigorosa.” 

Quem também comemorou os resultados de 2012 foi Eloir Rogério Rohde, diretor de operações do banco da John Deere, fabricante de máquinas agrícolas. “Tivemos um ano excelente, motivado, principalmente pela redução dos juros do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que caiu de 5,5% para 2,5% ao ano. Esse movimento fez com que os produtores adiantassem a compra dos equipamentos como tratores e colheitadeiras.” 

Risco sistêmico afastado 
Quanto às instituições financeiras que sofreram intervenção pelo BC este ano — BVA, Cruzeiro do Sul e Morada — Milto Bardini, vice-presidente executivo e diretor de relações com investidores (RI) do BicBanco, diz que eventos como esses geram desconforto no mercado. “O lado mais positivo de tudo isso é a constatação de que analistas do setor tratam diferentemente os diferentes. Não poderia haver a generalização descuidada e as confusões que prevaleciam outrora. Hoje pode se dizer que o mercado está bem mais maduro”, diz. 

Gelbaum, do Daycoval, concorda. “Lamentavelmente no Brasil é comum unir os bancos em um único grupo: o grupo dos bancos médios. E não é isso. O país tem muitas instituições de excelente qualidade, bastante sólidas, com excelente governança. Eventos acabam beneficiando boas instituições financeiras”, acredita. 

De acordo com o executivo, o banco Daycoval quase não registrou crescimento na carteira de crédito destinada às pequenas e médias empresas até o final do terceiro trimestre deste ano. “Já acreditávamos que PIB não cresceria o previsto inicialmente, sendo assim, nossa carteira de middle market mostrou estabilidade e a de varejo registrou pequeno crescimento. Ou seja, no geral, a carteira de crédito tem praticamente o mesmo tamanho que o registrado no ano passado.” 

Menos crédito e mais riscos foram a tônica dos últimos 10 meses 

Instituições financeiras viram índices de inadimplência, tanto da pessoa física quanto jurídica, avançarem a patamares recordes ao longo de 2012. 

Inadimplência em alta, intervenção em três instituições financeiras pelo Banco Central (BC), crise europeia. O ano de 2012 foi desafiador para as instituições financeiras que atuam no Brasil. 

“É a primeira vez que vemos um cenário de desemprego em baixa e inadimplência em alta”, ressalta Ernani Leite Vitorello, diretor executivo de administração e controle do Banco BMG. 

O executivo lembrou que há 10 anos, a proporção da carteira de crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro era muito pequena, de 20%, e hoje é de 51% do PIB. 
“Seria natural um movimento de acomodação na tomada de crédito, em torno de 15% ao ano”, acredita Vitorello. 

Para ele, o atual desafio do sistema financeiro é conviver com avanços mais modestos de expansão da carteira, ao mesmo tempo em que precisará manter sua rentabilidade. “Há uma missão de eficiência para todos”, completa. 

Anis Chacur Neto, diretor presidente do Banco ABC Brasil, também viu o crescimento menor da economia brasileira afetar de forma negativa os negócios, enquanto que a queda do juro impactou naremuneração do patrimônio da instituição financeira, mas não no resultado. 
“Não sentimos problemas específicos, porque o spread no segmento de empresas já é competitivo, diferentemente do que acontece no varejo e em cartões de crédito”, aponta, citando os mercados em que houve pressão do governo para redução de juros ao consumidor. 

Já Cristiano Malucelli, presidente do Paraná Banco, tem outra opinião. O ano de 2012 superou as expectativas da instituição, por conta da queda da taxa básica de juros (Selic), devido ao fato de o Paraná Banco manter boa parte da carteira de crédito prefixada. 
“Nossa estratégia de ter folga no balanço e um índice de solvência alto se mostrou acertada”, pondera. Entre junho de 2011 e de 2012, a carteira de crédito do banco registrou crescimento de 26%, acima da média do mercado. 

No caso das gestoras de recursos, Carlos Takahashi, diretor presidente da BB DTVM, diz ter aproveitado boasoportunidades que surgiram ao longo de 2012, um ano de extrema volatilidade e aversão ao risco. “Algumas casas que inspiram segurança como no caso do BB, no final das contas, experimentaram fluxo importante de recursos e isso permitiu que continuasse crescendo de forma rigorosa.” 

Quem também comemorou os resultados de 2012 foi Eloir Rogério Rohde, diretor de operações do banco da John Deere, fabricante de máquinas agrícolas. 
“Tivemos um ano excelente, motivado, principalmente pela redução dos juros do Programa de Sustentação doInvestimento (PSI), que caiu de 5,5% para 2,5% ao ano. Esse movimento fez com que os produtores adiantassem a compra dos equipamentos como tratores e colheitadeiras.” 

Risco sistêmico afastado 
Quanto às instituições financeiras que sofreram intervenção pelo BC este ano – BVA, Cruzeiro do Sul e Morada – Milto Bardini, vice-presidente executivo e diretor de relações com investidores (RI) do BicBanco, diz que eventos como esses geram desconforto no mercado. 

“O lado mais positivo de tudo isso é a constatação de que analistas do setor tratam diferentemente os diferentes. Não poderia haver a generalização descuidada e as confusões que prevaleciam outrora. Hoje pode se dizer que o mercado está bem mais maduro”, diz. 

Gelbaum, do Daycoval, concorda. “Lamentavelmente no Brasil é comum unir os bancos em um único grupo: o grupo dos bancos médios. E não é isso. O país tem muitas instituições de excelente qualidade, bastante sólidas, com excelente governança. Eventos acabam beneficiando boas instituições financeiras”, acredita. 

De acordo com o executivo, o banco Daycoval quase não registrou crescimento na carteira de crédito destinada às pequenas e médias empresas até o final do terceiro trimestre deste ano. 
“Já acreditávamos que PIB não cresceria o previsto inicialmente Sendo assim, nossa carteira de middle market mostrou estabilidade e a de varejo registrou pequeno crescimento. Ou seja, no geral, a carteira de crédito tem praticamente o mesmo tamanho que o registrado no ano passado.” 

Destaque Relatório Financeiro – Os melhores do setor financeiro

Veículo: Brasil Econômico – 30/10/2012