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Os bancos ligados a montadoras perderam, em 2010, a fatia de mercado conquistada durante a crise internacional. No ano passado, enquanto as instituições financeiras de varejo freavam as concessões de crédito em meio às turbulências, os bancos de montadoras aproveitaram a brecha e financiaram ao menos metade dos veículos novos vendidos no país. Tradicionalmente, eles detém uma participação de mercado de 40%. Passado o auge da crise, é justamente para esse patamar de fatia que retornaram no primeiro semestre deste ano.
Mas essa redução de participação de mercado não significa que o ritmo de negócios tenha diminuído. Pelo contrário, os bancos ligados a montadoras têm acompanhado os sucessivos recordes de vendas de veículos no país. As projeções apontam para um crescimento de 9% nas vendas de carros novos em 2010 ante 2009, que já representa uma base de comparação elevada. O volume de financiamentos deve subir, neste ano, entre 10% e 15%.
No banco Mercedes-Benz, em que o segmento de caminhões respondeu por 60% dos novos financiamentos feitos no primeiro semestre e o de ônibus, por 17%, o desempenho foi comemorado. O total de desembolsos no período somou R$ 1,62 bilhão, volume 12% superior ao resultado apurado entre janeiro e junho de 2009. A demanda aquecida está atrelada não só ao crescimento da economia como também aos incentivos oferecidos pelo governo. A linha especial Finame (Financiamento de Máquinas e Equipamentos) para a compra de caminhões e ônibus do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi responsável por 88% dos novos negócios feitos pelo banco Mercedes-Benz no ano, até junho.
O Finame ajudou também a impulsionar os negócios do banco Volkswagen. Dos R$ 5,3 bilhões liberados ao longo do primeiro semestre, R$ 1,4 bilhão foi via Finame – expansão de 63% em relação ao mesmo período de 2009. Os incentivos dados pelo governo beneficiaram ainda o segmento de automóveis. Segundo Ricardo Auricchio, gerente de administração de vendas do Banco Volkswagen, a participação de mercado da instituição no total de financiamentos para automóveis subiu de 43%, em dezembro, para 45%, em junho.
Nem mesmo a elevação da Selic deve atrapalhar as previsões de crescimento. “Embora a taxa para o consumidor tenha subido um pouco entre abril e maio, o custo ainda é inferior ao de anos anteriores”, observa Luiz Montenegro, presidente do Banco Toyota. A taxa média de juro cobrada nas operações para pessoas físicas encerrou maio em 1,43% ao mês, superior à média de 1,40%, em abril, mas inferior ao 1,55% de abril de 2009.
Veículo: Valor 22/07/2010