,
Loading...

Notícias

Atraso é alto para contrato com garantia real

Embora a alienação fiduciária esteja plenamente consolidada nos financiamentos de veículos, a inadimplência no setor, de 4,4% em dezembro, é considerada alta para um segmento que conta com a garantia real do próprio bem. Para se ter uma ideia, nos contratos de crédito pessoal, sem garantia nenhuma, os atrasos acima de 90 dias representavam 5,1% do saldo da carteira, pelos dados do Banco Central (BC). “Ainda é preciso aprimorar a originação do crédito, a verificação dos cadastros porque, muitas vezes, não se consegue nem notificar o devedor”, diz o presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Adalberto Savioli. “A adoção do cadastro positivo no país ajudaria.”

O pico recente de inadimplência no setor foi observado entre março e agosto de 2009, quando os atrasos acima de 90 dias atingiram uma taxa na casa dos 5,5%, 70% acima da média histórica, conta O aumento do desemprego e a desvalorização dos bens é que estiveram por trás daquela pequena bolha, depois corrigida com as medidas anticíclicas do governo Lula, que incluíram a redução do IPI para veículos novos. “Os bancos ficaram mais criteriosos para emprestar e, ao mesmo tempo, o incentivo fiscal passou a trazer bons riscos para o mercado”, acrescenta Savioli.
 
Ele conta que a cobrança amigável começa cada vez mais cedo, com cinco, sete dias de atraso e que os bancos e financeiras adiam o quanto podem a via judicial, por ser a mais onerosa. Quando a conciliação não prospera, daí se parte para a contratação de escritórios de cobrança e advocacia especializados e também se lança mão do trabalho dos localizadores. Savioli estima que no Brasil, cerca de 8 mil prestadores atuem na pesquisa e retomada de veículos e que de 70% a 80% das diligências tenham sucesso.
 
O sistema de crédito se ajustou ao instrumento da alienação fiduciária e ao garantir agilidade na retomado do bem permitiu que o segmento alcançasse cifras consideráveis, diz o presidente da Associação Nacional das Empresas de Recuperação de Crédito (Aserc), Roberto Romeu Roque, referindo-se ao estoque de R$ 91,8 bilhões em dezembro no CDC à pessoa física e outros R$ 109,5 bilhões em valor presente nas carteiras de leasing. “A cobrança começa antes mesmo de a inadimplência fazer parte das estatísticas oficiais”, afirma. “Dá para recuperar um veículo em até 60 dias.” Ele considera que o índice de atrasos acima de 90 dias é elevado, principalmente quando comparado a outras modalidades, sem garantia nenhuma como cartões e crédito pessoal.
 
Os bancos evitam recorrer ao processo judicial porque são especialistas em vender crédito, não querem ter um veículo a mais no seu pátio, diz o sócio-fundador da Localcred , Adilson Melhado, que também comanda o Instituto Gestão de Excelência Operacional em Cobrança (Geoc). Após a retomada do bem, as instituições têm ainda que colocá-lo em leilão para reaver o valor dos financiamentos. Entre cobranças amigáveis e judiciais o escritório tem cerca de 40 mil casos em aberto e recebe, mensalmente, contratos com o equivalente a R$ 30 milhões para recuperação.
 

Veículo: Valor 22/02/2010