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Artigo: 2022 e 2023. O que teremos pela frente

Confira artigo assinado pelo Presidente da Abel, Osmar Roncolato Pinho, publicado pelo jornal Correio Braziliense no dia  28 de julho de 2022

 

O Brasil atravessa um momento de incerteza econômica. A retração nas maiores economias do mundo já vem ocorrendo e pode se manter até o primeiro semestre de 2023, afetando ainda mais o andamento de nossa economia. Caso a recessão, nos Estados Unidos (EUA) e, principalmente, na Europa, seja mais acentuada, crescerá o risco de a China também ter menor crescimento. Nesse caso, o Brasil poderá ter as suas exportações comprometidas, provocando efeitos significativos na economia, face à predominância de nossas exportações para a China e os Estados Unidos.

A guerra na Ucrânia trouxe desdobramentos expondo o gargalo nas cadeias de insumos, gerando um descompasso entre oferta e demanda. Esse descompasso afetou os preços das commodities, especialmente petróleo e gás. Com as commodities pressionando fortemente a inflação — nos EUA, por exemplo, os preços registram os maiores níveis em 40 anos —, estamos vendo um movimento amplo de alta de juros pelos bancos centrais ao redor do mundo.

No Brasil, não é e não será diferente. O Banco Central vem aumentando seguidamente a taxa básica de juros, a Selic, desde março de 2021, numa tentativa de também conter a inflação. Atingimos em junho (13,25% ao ano) o maior patamar de juros desde dezembro de 2016. Além do contexto internacional conturbado, a atividade econômica brasileira se sujeita às incertezas relacionadas ao quadro político nacional, em decorrência da realização da eleição presidencial, em outubro, com os riscos de uma política fiscal expansionista, que distancia o país de superávits primários adequados e sustentáveis.

Apesar desse ambiente mais adverso, a atividade econômica brasileira tem dado alguns sinais positivos. A taxa de desemprego vem lentamente diminuindo, a arrecadação tributária tem mostrado força e as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) têm sido positivas. O PIB do primeiro trimestre cresceu 1% ante o quarto trimestre de 2021 e está 1,5% acima do nível anterior à pandemia. Há ainda a expectativa de que a autoridade monetária possa encerrar, em breve, o ciclo de alta da taxa básica de juros, considerando-se que o Brasil iniciou esse movimento de aperto monetário antes de outros países.

O quadro exposto acima traduz um ambiente pouco favorável ao investimento privado, e, com isso, aumentando ainda mais a perda de competitividade e de produtividade da indústria nacional. Com um cenário tão desafiador, o volume de crédito no Brasil não vem apresentando o crescimento necessário e tão desejado. Sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) se mantém estacionada na faixa de 50% (percentual atingido em 2013 e que, atualmente, é de exatos 51,7%, conforme dados de fevereiro deste ano), demonstrando a falta de capacidade de crescimento da economia.

Além de todos esses desafios, o Brasil ainda padece da falta de uma política econômica que privilegie o crescimento estrutural em longo prazo, da falta de condições necessárias para o estabelecimento de segurança jurídica eficaz nas relações econômicas e da falta de um sistema tributário, mais simplificado, mais distributivo, que possa, verdadeiramente, promover o rearranjo de nossas prioridades socioeconômicas, buscando a eficiência e a equidade entre os todos entes da economia. Somente com ajustes nessa direção será possível reduzir incertezas, alongar horizontes e crescer de forma consistente, inclusiva e sustentável.

Osmar Roncolato Pinho – Presidente da Associação Brasileira das Empresas de Leasing (Abel) e vice-presidente da Federação Latino-americana de Leasing (Felalease)

https://www.correiobraziliense.com.br/opiniao/2022/07/5025121-artigo-2022-e-2023-o-que-teremospela-frente.html