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Arrendamento mercantil volta a emitir debêntures

Apesar do retorno das empresas de leasing, Kiraly, da Anbima, diz que ainda é cedo para saber se elas voltarão com força.

Depois de quase dois anos sem vender debêntures, as empresas de leasing estão voltando a acessar o mercado de capitais. O BIC Arrendamento Mercantil vai emitir R$ 200 milhões em papéis, podendo alcançar até R$ 270 milhões. Já o Panamericano vai propor em uma assembleia de debenturistas a rolagem por mais três anos de uma emissão de R$ 250 milhões feita em 2005.

As companhias de leasing já foram as maiores emissoras de debêntures do Brasil. Em 2008, elas lançaram R$ 31 bilhões em papéis, enquanto as empresas colocaram cerca de R$ 6 bilhões.

O que explicava o grande uso desse papel pelas leasings era o fato de elas servirem como uma alternativa mais barata de captação para os bancos, por não estarem sujeitas ao recolhimento de depósito compulsório. Assim, os bancos usavam suas subsidiárias de leasing para captar recursos com emissão de debêntures e usavam o dinheiro em operações de crédito tradicional. Porém, no início de 2008, o Banco Central passou a exigir o compulsório, equiparando esse tipo de operação a uma captação via Certificado de Depósito Bancário (CDB).

Agora, as operações tanto do BIC quanto do Panamericano chegam com volumes bem inferiores àqueles tradicionalmente ofertados pelas empresas de arrendamento mercantil. De acordo com o prospecto da oferta do BIC, o dinheiro servirá para financiar a própria leasing por dois anos ao custo de 117% do Depósito Interfinanceiro, sem repasse de recursos para o banco.

“Ainda é cedo para dizer se as debêntures vão voltar a ser usadas pelas empresas de leasing. Mas, de qualquer forma, isso mostra que os bancos estão buscando a diversificação de suas fontes de captação”, afirmou Alberto Kiraly, vice-presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, em teleconferência sobre o desempenho do mercado de capitais em outubro.

Impulsionadas principalmente pela oferta de R$ 120 bilhões em ações da Petrobras, as emissões do mercado de capitais brasileiro somam R$ 214,5 bilhões neste ano até outubro, volume que supera em quase três vezes os R$ 86,9 bilhões registrados em igual período de 2009. As debêntures, porém, também tiveram um papel importante. O volume emitido pelas empresas para financiar operações em 2010 soma R$ 36,7 bilhões ante R$ 19,2 bilhões em 2009.

Para Kiraly, um sinal de recuperação do mercado brasileiro é o retorno das ofertas de fundos de direitos creditórios, aqueles que compram papéis lastreados em créditos. “Desde a crise, poucas emissões vinham sendo feitas”, diz o executivo. Até outubro, foram vendidos R$ 8,4 bilhões, ante R$ 3,9 bilhões no mesmo intervalo de 2009. O aumento foi puxado principalmente por duas operações: o fundo Vinci, de R$ 1,85 bilhão para projetos de infraestrutura, e outro da Globex, de R$ 1,16 bilhão para financiar a varejista Ponto Frio.

Veículo: Valor – 09/11/2010