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Ajuda de R$ 8 bi ao setor automotivo dá alívio de dois meses

Os bancos de montadoras comemoraram os bons resultados de vendas no último fim de semana, o primeiro depois da ajuda de R$ 4 bilhões em empréstimos do Banco do Brasil anunciada na semana passada. Ontem foi a vez do governo de São Paulo liberar outros R$ 4 bilhões por meio da Nossa Caixa, como forma de estimular a retomada dos financiamentos de veículos.

Presidente da Nossa Caixa, Milton Luiz Santos: medida para restabelecer a liquidez e estimular a economia real.

A destinação de recursos para a desobstrução do crédito faz parte do esforço do governo para reduzir o impacto da crise de liquidez sobre a economia brasileira. Desde o agravamento da crise, em meados de setembro, os bancos reduziram fortemente a oferta de recursos e o setor de veículos foi um dos que mais sofreram.

Apesar da ajuda de R$ 8 bilhões, o volume pode ser insuficiente para que se retomem os patamares de vendas recordes registradas meses atrás. Isso porque, até setembro, em média, os bancos concederam montantes da ordem de R$ 4,5 bilhões mensais em crédito direto ao consumidor (CDC) e outros R$ 3 bilhões em leasing apenas para as compras de pessoas físicas neste ano, segundo dados do Banco Central.

Para manter o mesmo patamar de vendas, portanto, seriam necessários cerca de R$ 8 bilhões a cada mês, já que a dependência do crédito é bastante grande, com quase 70% das aquisições de automóveis feitas por meio de financiamento bancário. Prova disso é que em outubro, início do aperto de liquidez e da redução dos empréstimos, a indústria automobilística registrou redução de 11% das vendas em relação a setembro.

A expectativa, portanto, é que esses recursos dêem um alívio para o setor até o fim do ano. Segundo Jackson Schneider, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a ajuda deverá cobrir o período de retomada do crédito, até que a oferta dos bancos privados volte ao normal.

Segundo ele, a estimativa de crescimento para o setor neste ano, de 24%, ainda não foi revisada, mas para o próximo ano é esperada forte desaceleração, com ritmo de expansão na casa de um dígito.

Desde a ajuda do Banco do Brasil, que ofereceu empréstimos interbancários para as instituições financeiras ligadas às montadoras na semana passada, o mercado começou a destravar, segundo Luiz Montenegro, presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef). A Anef se prontificou a intensificar as promoções de juros mais baixos, até mesmo oferecendo linhas sem juros, para retirar o consumidor do estado de desconfiança e incentivar a compra de automóveis.

Parte dos créditos concedidos no fim de semana aos clientes já inclui a liberação dos recursos por parte do banco estatal. O total liberado pelo BB já se aproxima de R$ 1,5 bilhão para oito instituições, segundo a Anfavea. Esses recursos se somam agora aos R$ 4 bilhões da Nossa Caixa.

A linha do banco paulista poderá ser liberada por meio de uma transação interfinanceira tradicional (DI “clean”), para 15 instituições financeiras ligadas as montadoras, que operam no país, dependo do volume e da capacidade de crédito da instituição tomadora de acordo com analise da própria Nossa Caixa. Os prazos são de 18 meses.

Outra opção será por meio da vinculação dos empréstimos a cédulas de crédito bancário (CCB), com a garantia dos contratos de crédito ou de leasing em carteira emitidos pela instituição. Essa opção, que utiliza a plataforma Cetip, não era muito usada pelo mercado, mas passou a ser mais atrativa depois do agravamento da crise financeira.

A expectativa dos bancos de montadoras é que os custos dos empréstimos sejam os de mercado para as operações sem garantia e a taxas ainda mais baixas do que o CDI para transações com garantia.

De acordo com Milton Luiz de Melo Santos, presidente da Nossa Caixa, a medida se justifica pela importância do segmento para a economia, especialmente no caso de São Paulo, já que quase metade das 25 montadoras, 70% de toda a indústria automobilística e cerca de um quarto das concessionárias estão no Estado. Segundo ele, os recursos são necessários para “restabelecer a liquidez financeira e estimular a economia real”.

A situação se tornou dramática no mês de outubro, quando muitos bancos reduziram as ofertas, especialmente para veículos usados. Alguns concessionários ouvidos pelo Valor disseram que muitas financeiras simplesmente paralisaram as concessões de novas linhas enquanto outras elevaram os juros a níveis até duas vezes mais altos.

Veículo: Valor Econômico Índice geral 12/11/08 Estado: SP