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Apesar do forte expansão do crédito ocorrida nos últimos anos, a parcela da renda comprometida pelas pessoas com o pagamento de prestações de financiamentos têm se mantido relativamente estável, o que reduz os riscos de um aumento da inadimplência no setor bancário. A avaliação consta de estudo divulgado ontem pelo BC.
Segundo o BC, cerca de 30% da renda da população é destinada, atualmente, ao pagamento de dívidas. Trata-se de forte aumento em relação aos números observados no começo de 2003, quando essa proporção oscilava entre 20,6% e 22,9%.
O BC argumenta, porém, que a alta foi pequena se comparada com a expansão do crédito à pessoa física ocorrida no período. Entre março de 2003 e junho de 2008, essas modalidades de financiamento -que incluem as operações de leasing– cresceram 278% no país, chegando a R$ 323 bilhões.
Além disso, o BC ressalta que o nível de comprometimento da renda com prestações de dívidas está praticamente inalterado desde 2006, quando já estava perto de 30%.
Uma possível explicação para esse fenômeno, segundo o BC, está na queda dos juros bancários e nos maiores prazos de financiamento. “Tais efeitos se traduzem em redução gradativa do valor das prestações, o primeiro por afetar diretamente o custo das operações e o segundo por diluir os pagamentos ao longo de período mais extenso”, diz o documento.
Em março de 2003, os juros médios de empréstimo bancário para pessoas físicas estava em 87,3% ao ano, recuando para 49,1% em junho passado.
Para o diretor de Política Econômica do BC, Mário Mesquita, a expectativa é que o crédito continue em expansão, mas o agravamento da crise financeira pode frear essa tendência. “Isso [a crise] afeta um pouco a disposição dos bancos para fornecer crédito, embora o uso de recursos externos para concessão de empréstimos seja relativamente restrito.”