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Aplicadores vêem CDBs como um porto seguro

A crise financeira global pegou o investidor no contrapé e os bancos sem um diferencial de Certificados de Depósitos Bancários (CDB) para oferecer. Especialistas afirmam que esses certificados são o porto seguro neste momento de instabilidade econômica. Diante da dificuldade em captar recursos no mercado externo, essas instituições financeiras, às pressas, lançam novos produtos para atender e garantir a fidelidade de seu cliente. E, de quebra, atrair ainda pequenos investidores, o que não acontecia antes.

“O dinheiro novo do investidor está indo para o CDB e poupança. Há cinco anos começamos a trabalhar com diversificação de produtos e o mais procurado neste momento tem sido o CDB”, afirma Marcos Villanova, diretor de área de investimentos do Bradesco. Por conta dessa demanda, segundo o diretor, o CDB Fidelidade que, em princípio, chegaria ao mercado só em janeiro, alçou vôo mais cedo e desde outubro está disponível. “O mote é proporcionar um bônus extra ao cliente”, diz. Segundo ele, o novo produto “cresceu em um mês 60% em relação ao aumento do CDB em outubro de 2007”.

O Fidelidade, diz, a cada seis meses eleva a taxa de rendimento, caso o investidor mantenha seus recursos aplicados. “Em uma aplicação de R$ 50 mil, por exemplo, se o cliente for fiel, a taxa passa de 95% para 98% e assim sucessivamente”, informa. Já no CDB Fácil, as aplicações podem ser feitas a partir de R$ 1.000,00, uma tentativa de atrair o pequeno investidor assustado com a crise. “Os CDBs estão com taxas altas, competitivas e serão sempre uma alternativa para o investidor”, afirma o administrador de investimentos Fábio Colombo. Mas ele chama a atenção para as taxas cobrados por esses fundos. “Há taxas de administração muito salgadas, e o investidor deve tomar sempre cuidado com isso”, diz.

Todos os fundos de investimentos, praticamente, cobram taxas de administração que oscilam entre 1% e 4% ao ano. Embora pareçam baixos, esses índices fazem grande diferença. Para se ter a exata dimensão, se um fundo DI render o mesmo que a taxa básica Selic, ou seja, 13,75% ao ano, e o aplicador pagar 4% de taxa de administração, uma parte de sua rentabilidade escorrerá pelo ralo.

Já os “fundos de capital protegido são atraentes aos investidores mais conservadores para uma aplicação que promete segurança e parte do retorno da alta da bolsa. Mas acho mais interessante o investidor aplicar diretamente em ações”, resume.

O crescimento em CDBs, segundo Villanova, teve início no princípio de 2008, com a criação dos compulsórios para os depósitos interfinanceiros de empresas de leasing em um momento já acentuado da crise americana. Em meados de outubro, no entanto, o Banco Central (BC) decidiu adiar o aumento da alíquota do depósito compulsório recolhido sobre as operações de leasing, liberando às instituições financeiras cerca de R$ 13 bilhões. Especialistas não acreditam que essa medida reduza o volume de operações nesse segmento, uma vez que a crise financeira deve continuar provocando escassez de liquidez.

Para o diretor do Bradesco, em 2009, a velocidade de captação diminuirá mas não haverá queda. “O crédito vai crescer, mas para isso é preciso aumentar a captação”, diz. Já o presidente da Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima), Alfredo Moraes, ressalta que a falta de confiança no mercado externo leva à escassez de crédito no mercado interno. O fato pressiona a captação do mercado interno, no qual o CDB é um dos recursos utilizados pelos bancos. Segundo ele, à medida em que o mercado externo se recupera, os bancos devem voltar a captar lá fora e conseqüentemente pagar menos nos CDBs.

Dados da Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (Cetip) demonstram que até setembro o volume de CDB em custódia ultrapassou R$ 600 bilhões, quase o dobro em relação ao mesmo período de 2007. Em setembro, foram emitidos R$ 132,6 bilhões desses papéis.

“Os CDBs com percentual de CDI – com 95% ou até 100% de Certificados de Depósitos Interbancários (CDI) – são uma excelente alternativa para o investidor aplicar. ?? um porto seguro”, afirma Leonel Molero Pereira, professor do Laboratório de Finanças (LabFin) da Fundação Instituto de Administração (FIA).

Desde que a crise se instalou no mercado, a palavra de ordem mais ouvida tem sido cautela e proteção. Por conta disso, os investimentos em CDBs que eram tímidos no Santander, em 2007, agora já registram crescimentos expressivos. “Nossa carteira quase dobrou neste ano”, comemora Cínara Polycarpo Figueiredo, superintendente executiva da área de investimentos do Santander.

Também pudera. O “CDB Recompensa”, diz, foi reformulado em novembro para se tornar mais competitivo. “As taxas hoje são progressivas. Conforme o tempo passa, os 90% no prazo de dois anos se transformam em 102%, tornando retroativas caso o cliente não mexa nesse dinheiro”, diz a superintendente. Assim como o Bradesco, o Santander lançou no dia 25 de novembro um outro produto que se destina a um investidor de menor poder aquisitivo. “O valor mínimo é de R$ 5 mil e as taxas vão crescendo de acordo com a liquidez. Trata-se do CDB Recompensa Fácil”, conta. Já o CDB Cristal comporta um investimento de R$ 1 mil e remunera 70% do CDI.

Para Márcia Dessen, da Bankrisk Consultoria e Treinamento, a rentabilidade em CDBs está atraente e a concorrência fica mais acirrada, o que contribui para o aumento na rentabilidade. “Quando o cliente abre mão da liquidez, os ganhos podem chegar até 105%”, diz. Para que o investidor tenha um prêmio melhor, as aplicações devem ter prazo de ou mais, pelas quais os bancos de primeira linha pagam até 107% dos Certificados de Depósitos Interbancários (CDI), considerando investimentos mínimos de R$ 50 a R$ 100 mil.

“Estamos estudando lançamentos de produtos com diferencial em CDB de acordo com a necessidade do cliente que nesse momento olha para o mercado e está com medo de a bolsa continuar em baixa”, afirma Eduardo Jurcevic, superintendente de investimentos do Banco Real/ABN Amro. Sem dar detalhes, Jurcevic diz que os novos produtos terão muita competitividade com relação às taxas. “Esse é um produto que colocamos dentro da nossa opção de lançamentos para 2009. Hoje a rentabilidade do Real em CBD oscila entre 85% e 100% do CDI, dependendo do valor aplicado. As aplicações variam entre R$ 500,00 até superior a R$ 400 mil”, afirma. Otimista, ele prevê para 2009 um acréscimo de 40% em CDB em relação ao ano anterior.

O CDB pode ter liquidez diária ou um prazo definido de resgate que, geralmente, varia de seis meses a três anos. 

Veículo: Valor Econômico Empresas Citadas 28/11/08 Estado: SP